Formada por nove municípios do sul do Ceará, entre os estados de Pernambuco, Paraíba e Piauí, a região metropolitana do Cariri é riquíssima e abriga várias opções turísticas e culturais, dentre elas o Geopark Araripe e a famosa estátua do Padre Cícero em Juazeiro do Norte. O Crato, conhecido como Oásis do Sertão, fica no sopé da Chapada do Araripe e foi habitado por várias etnias indígenas, dentre elas os Kariris, de onde vem o nome da Região. Foi lá onde surgiu o Caldeirão do Santa Cruz do Deserto, movimento de trabalho comunitário religioso que tinha como base a sociedade igualitária e que foi destruído pelo governo na década de 30.
Localizada dentro do Geosítio Batateiras e Entidade Colaboradora do GeoPark Araripe, além de resgatar a história e a cultura popular do Cariri, a ONG Beatos desenvolve ações com visitantes e com a comunidade do entorno nas áreas da permacultura, meio ambiente, artes, literatura e audiovisual.
A Beatos – Base Educultural de Ação e Trabalho de Organização Social, surgiu em 2003 e foi instituída formalmente em 2008. O nome vem da importância dos beatos, andarilhos e missionários que propagavam a fé e a religiosidade no sentido da religação do homem com a questão espiritual e as boas práticas, influenciando o desenvolvimento do sertão. Com o pensamento à frente do seu tempo, tiveram papel significante na organização do Nordeste brasileiro. Dentre os que passaram pela região do Cariri estão Antônio Conselheiro, Padre Ibiapina, Padre Cícero e, com destaque, Padre José Lourenço que participou da fundação do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto – também conhecido como Caldeirão dos Jesuítas, espaço coletivista que prosperava em regime independente, com mais de três mil pessoas, onde já se praticava a Permacultura e todos viviam em prol da comunidade.
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Com o intuito de retomar esse pensamento transformador, constituindo a relação histórica dos missionários com os mestres da cultura e da tradição popular, antes de ser ONG, a Beatos era morada agroecológica de um casal chamado José Inácio e Teresa – ele bonequeiro e ela catadora de piqui, que trabalhava com a cura pela natureza e realizava anualmente as renovações (festas que renovam os votos de fé e crença dos santos protetores das famílias). A casa onde eles viveram, hoje é a Casa Museu com quatro ambientes projetados para resgatar as raízes culturais do Cariri.
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Um pouco sobre a Casa Museu
- Sala do Sagrado – representa a religação do homem com sua fé, suas crenças e com a terra;
- Sala da Oralidade – mostra as andanças do homem sertanejo através da prosa, poesia, contação de história, literatura de cordel e xilogravuras;
- Sala dos Sons – a tradição da sonoridade do Cariri com referência às bandas cabaçais e à rabeca;
- Sala dos Dramas – universo do colorido e das manifestações mais ligadas à visualidade e à performance, fala, dança, corpo, bailado do reisado, emboladas e coco;
Além da Casa Museu, a Beatos tem espaço para eventos, exposições e oficinas, estruturado com palhoça, cozinha coletiva e um galpão com biblioteca. É palco de festivais de contadores de história, de teatro, de cinema e de música. Trabalha também com economia solidária e produtos naturais. Para quem deseja desenvolver projetos artísticos e/ou permaculturais, tem os Programas de Residência e Voluntariado. Vale muito a pena conhecer! Para maiores informações basta acessar a página no Facebook ou o site.