Quatro pessoas viajando juntas de carro e de forma colaborativa, rumo ao festival Terra Azul em Rio Negrinho, SC.
Entre conflitos e grandes transformações a percepção do tempo tomou outra forma e descobri que viajar não só cura nossa mente, mas também nossa alma.
Às vezes nos limitamos a viver em nossa zona de conforto, colocamos obstáculos para realizarmos nossos desejos e sonhos. Mas na verdade o que nos distancia da sensação de conexão com a vida é apenas o medo do desconhecido, das novidades, dos obstáculos e da superação.
Quando programamos nossa viagem estávamos todos muito empolgados, fizemos vários planos e colocamos em pauta tudo que seria necessário para que a viagem ocorre-se com segurança e harmonia.
Passaram-se quatro meses entre a decisão de viajarmos e a viagem realmente acontecer. Nesses quatro meses todos nós do grupo passamos por momentos de altos e baixos, muitas coisas aconteceram e muitas mudanças alteraram o rumo de nossas vidas. Mas eu tinha a certeza de que essa viagem seria o marco de um novo ciclo, o fluxo de energia que sentia nos acertos finais mostrava que seria um processo de cura e de grande transformação para todos nós.
Finalmente pegamos a estrada, uma mistura de ansiedade, euforia e medo tomou conta de todos nós. Realizamos uma viagem que levou 24 horas, pois por motivos de segurança tivemos que parar algumas vezes para descanso e alimentação.
Durante a viagem ocorreram alguns conflitos, cada um possuía uma opinião diferente e esquecia-se que quando se viaja em grupo, todas as decisões devem ser tomadas em conjunto. Mas o incrível dessa viagem é que no instante seguinte os conflitos eram atenuados.
Eram tantas novas descobertas e aventuras que passávamos pelo percurso, que desviávamos totalmente nossas atenções dos conflitos.
No trajeto de viagem constatei dois fatos muito importantes, as estradas do nosso Brasil são um absurdo de mal conservadas. Além disso, pagamos vários pedágios em todo o trajeto, pagamos por um serviço de muita má qualidade para algo que já está pago, mas tudo bem.
Outro fato muito importante é que o motorista deve ser uma pessoa de extrema calma, para conduzir um carro em auto estrada e preciso saber lidar com muitas adversidades pelo caminho sem perder a concentração. Neste quesito o motorista Diego está de parabéns, pois nos levou com louvor e segurança ao nosso destino final, tanto na ida, quanto na volta.
Se você tem o desejo de viajar pelo mundo a fora de carro, saiba que sim é muito fácil e possível, mas tenha em mente que deve estar ali por amor e prazer ao volante. Manter a calma é algo que vai além de te fazer bem, na verdade é extremamente necessário para conduzir uma viagem com segurança.
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Quando chegamos em Curitiba ficamos todos muito encantados com a cidade, sua organização e limpeza. A cultura das pessoas no Sul é realmente muito diferente da do Sudeste do Brasil, uma cidade pequena, mas com qualidade de vida, além da paisagem exuberante.
Ao cruzarmos Curitiba em direção à Rio Negrinho, Santa Catarina, ficamos imersos em uma sensação de mudança de dimensão. A dimensão do medo aos poucos foi se desfazendo e quando chegamos ao grande portão da fazenda Evaristo, entramos nas vibrações da quarta dimensão, à do amor incondicional.
Sobre o festival
Livre de rótulos e despretensioso o Festival Terra Azul nasceu do simples desejo de preservar e manter viva a cultura alternativa e todas as suas formas de paz e amor.
O primeiro desafio real foi montar a barraca à noite, contamos apenas com ajuda de lanternas e o espírito de equipe, um ajudando ao outro mesmo sem ser solicitado. Levamos em torno de uma hora na montagem das barracas.
Ainda durante a noite, nos preparamos para descer, a abertura do festival estava para acontecer. A única palavra que posso dizer, que vai representar a sensação que tive naquele momento é, arrepio.
Foi a coisa mais linda, um grupo realizou um show de malabarismo com pirofagia ao ritmo da música eletrônica que ecoava por toda fazenda.
Durante todo o festival ocorreram diversas performances de circo com o Circoloko Alucinações, Arson Malabares e Vini Cirque. Artistas espetaculares que deram um show não apenas de performance, mas também de humildade e energia positiva.
Na manhã do dia seguinte fomos conhecer a fazenda e toda a estrutura do festival, que estava a coisa mais linda de se ver, as pistas e espaços foram todos construído através da bioconstrução em bambu. Dava para perceber que foi tudo construído e preparado com amor e inspiração, sabe aquele trabalho que você sabe que foi difícil, cansativo, mas que é tão prazeroso que fica lindo de se ver?
Tive o prazer de almoçar com um dos envolvidos nesse trabalho, Roger Viana, um dos membros do grupo Arte Astral, que é liderado pelo Kadu Astral.
Roger me contou nos mínimos detalhes como ocorre todo o processo criativo, o seu desenvolvimento é pura inspiração. Desde o trabalho árduo e braçal das podas e retirada dos bambus, que são escolhido a dedo, seu transporte, depois sua retirada do local e levado até o destino final, para depois ocorrer a secagem e montagem. Enfatizando que eram estruturas de bambu enormes, daí já se tira o tanto de trabalho que deu.
Palco Araucária
O palco principal foi batizado com este nome em louvor ao grande povo em pé predominante na fazenda Evaristo, as araucárias.
A energia do palco principal é baseada em outra realidade, onde todos dançam em ritmo de festa, ritmo devocional, de cura, de lamento e de pedidos. Há no balançar do corpo a vibração de milhares de ondas de energia. Um corpo sonoro e dançante altera profundamente nossa consciência, chegando a modificar a forma como experimentamos o tempo e o espaço.
Dançar é transgredir o movimento, é recriar-se, é encontrar sua pulsação interna, conectar-se.
Dançar de verdade é como viver de verdade, questionar, transgredir a forma e o ritmo imposto.
É utilizado como instrumento de cura, ritual e louvor. A utilização do corpo verifica-se no mundo todo, pois sistematizar o “balançar” do corpo em dança, cria a oportunidade de reestruturar a consciência abrindo as portas para estar “entre mundos”.”
E para despejar grandes e lindas vibrações, foram selecionados para este palco grandes DJS, artistas que tinham em suas mãos a responsabilidade de guiar cada um na pista em seu processo de louvor e cura.
Palco Gralha Azul
O outro palco foi batizado carinhosamente com este nome para expressar a vontade de expandir o chamado de atenção de preservação destas aves, uma das grandes responsáveis por dar a vida ao grande povo em pé chamado araucária.
Um espaço que voou alto, proporcionando a liberdade de experimentar grandes shows durante todo festival, o compromisso ali foi com a diversidade e a qualidade musical.
Cultivando Um Jardim De Ideias
O festival Terra Azul, leva em seu conceito a mais profunda gratidão e total dedicação ao exercícios lúdicos e socioambientais. Lugar onde se manifestam os potenciais artísticos e de responsabilidade inerentes a cada individuo. Potenciais esses que viabilizam soluções pensadas ao bem estar coletivo humano, animal, vegetal e até mesmo inorgânico, desta nobre morada, titulada sobre o nome de TERRA.
É através de ações práticas e co-criativas que o festival cultiva um Jardim cheinho de ideias conectadas com nossa amada Terra Azul. Através de poemas, canções, contação de histórias, oficinas de alongamento e respiração, prática de malabarismo, exposições artísticas, oficinas de Permacultura, e é claro, boas conversas. É onde referenciaram suas melhores práticas e vivências de PAZ, AMOR, UNIÃO e RESPEITO (P.L.U.R.) pelo mundo, sempre em busca de um consciente coletivo e plenamente ativo.”
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Outros pontos lindos e incríveis do festival, é que além de propagarem a questão da sustentabilidade e do desperdício evitando o uso de descartáveis e colocando a disposição do público vários pontos de coleta de lixo seletivo e de resíduos, também possuem o conceito do ser humano integral, corpo, mente e espírito.
Por isso colocaram no topo de um pequeno morro no meio da fazenda, um espaço de cura, onde rolavam durante todo o festival uma programação com vários terapeutas holísticos que ficavam a disposição do público. O espaço de cura era um ambiente com a missão do reencontro com o eu interior, através de práticas de terapias holísticas, alternativas como meditações, aplicações de reiki, alinhamento de chakras, massagens, yoga e muito amor.
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Este espaço foi organizado e amorosamente trabalhado através da energia da querida Flávia Gomes, à qual eu só possuo gratidão por ter me possibilitado levar um pouco do meu projeto SER Transcendental, para auxiliar pessoas a passarem pelo período de transição e despertar de consciência.
Além de ter me possibilitado conhecer pessoas incríveis que lutam por um mundo melhor, como o trabalho do querido Nellynton Borim, com o Enso Reiki. Como ele mesmo diz, tem a sorte de ter sido escolhido e iniciado por uma energia sutil e elevada que cura. Pude experimentar de sua terapia e é incrível como realmente o reiki trabalhado através de mãos de pessoas que vibram no amor se transmuta em energia de cura e do bem.
O trabalho de yoga da querida Natalia Campos, me fez amar mais ainda essa linda prática e filosofia de vida. Nunca fiz um yoga tão prazeroso, uma ótima professora e com um espírito lindo e florido, seu projeto Yoga com Natty vale a pena ser propagado.
Além de conhecer uma galera super jovem, engajada em dar as mãos à outros jovens que lutam por um mundo mais digno, humano e harmonioso. Vi e senti de perto a força de um grupo da EEL – USP de São Paulo com um lindo projeto chamado Huma Unidade, eles possuem o amor como propósito maior e buscam evoluir como seres humanos para criarem um mundo melhor.
Neste espaço tão especial do festival, conheci outras pessoas incríveis como a Leila Budal, com um trabalho de doação de Deeksha – Benção da Unidade, um trabalho lindo de troca de energia.
Dentre outras pessoas incríveis e maravilhosas, precisaria de uma matéria inteira apenas para descrever o espaço de cura.
O Festival Terra Azul e as crianças
Outro motivo de alegria era encontrar muitas crianças pelo festival, nos inundando de energia pura e de amor. O festival possuía um espaço só para os pequenos, a coisa mais linda de se ver, acredito que seja um dos motivos de maior orgulho dos organizadores. O espaço piãozinho, onde as crianças tinham várias atividades recreativas, com muita organização e zelo. Os pequenos não queriam sair daquele cantinho mágico, todo colorido, com livros e atividades lúdicas.
A energia do festival foi tão incrível, que parece que nos tele transportamos para outra dimensão. Era tanta gente unida no amor, tantas pessoas incríveis que nos doaram abraços, sorrisos, palavras de incentivo e harmonia, era lindo se ver os cães soltos, passeando e interagindo com todos, algumas vezes sem seus donos por perto.
Tantos jovens sentados pela grama, rindo, se divertindo, com uma energia tão inocente, que parecia que voltávamos a nos reconectar com nossa essência pura, natural, aquela que faz parte do nosso real SER.
Eu me peguei rindo, aos montes, com um grupo de jovens e adultos de uma piada tão inocente e simples, que no dia a dia normal, antes desse festival, não sei se teria a mesma graça.
Multiculturas em um festival multicultural
Outro ponto lindo do festival era a mistura de culturas, exposição de artes, artesãos de acessórios alternativos e tie-day, levarem suas obras para expor e vender no festival.
Além da mistura de ritmos. MPB, eletrônico, reggae, jazz e por aí vai, eram dois palcos incríveis, por onde passaram artistas que fazem jus a energia e nome do festival.
Foram sem dúvida nenhuma, cinco dias maravilhosos, onde me senti em outro mundo, era a paisagem de um sonho, mas com textura, o tipo que é real e acessível ao toque.
Tudo muito bem organizado, havia um grande refeitório com ótimas opções, tudo a preço muito acessível. Mas também possuíamos a opção de levarmos nossos alimentos e preparar na cozinha colaborativa, um espaço que o festival cedeu com toda estrutura para cozinhar de forma digna e prazerosa.
Outro ponto importante é que os banheiros estavam sempre limpos e arrumados, também contávamos com a boa educação de quem estava no festival.
Raramente se via uma guimba se quer de cigarro no chão, as pistas estavam sempre limpas, orgulho de se ver.
Saí de lá imersa em uma sensação de que sim, o mundo está mudando, as pessoas estão sim despertando, e só conseguimos ter essa percepção quando encontramos tantas pessoas unidas por um mesmo objetivo e ideal de vida.
É conhecendo um festival como esses que entendemos a frase propósito de vida, o que você faria para mudar a sua vida e a de outras pessoas?
O que você sente dentro de seu cerne é sim capaz de se realizar, fazer, concretizar, basta você desejar e acreditar.
Somos todos capazes de fazer aquilo que vibra em nosso corações, somos capazes sim de mudar o mundo à partir do momento que mudamos a nós mesmos.
Vamos mudar a visão da cultura alternativa, não são pessoas desocupadas, ou viciadas em drogas, são pessoas que vibram no amor incondicional, sensíveis e que fazem todos os dias algo novo para tornar real uma vida mais plena e feliz para todos.
E para finalizar e resumir o que foi o festival Terra Azul, deixo com vocês um trecho em vídeo de uma das mais belas lembranças que tive, que me deu tanta satisfação e alegria, jovens reunidos na mais bela energia do amor.
Agradecimentos:
Agradeço a força e companhia das minhas amigas de projeto, Hanna Ribeiro e Walkíria Bittencourt, que foram as grandes responsáveis por essa viagem acontecer.
Ao nosso amigo e motorista Diego que nos conduziu com muito cuidado e cautela por todo o percurso.
Gostaria de agradecer também aos produtores do festival, Jhou Haller e Josué Haller, por me proporcionarem momentos tão inesquecíveis como nestes cinco dias.
Agradeço também à todo pessoal da limpeza, dos bares, alimentação, caixa, administração e demais serviços oferecidos pelo festival.
Gratidão novamente a Flávia Gomes e todos os terapeutas do espaço de cura, por me proporcionarem tanta energia positiva, de amor e união.
Grata também a Nellynton Borim, que me apresentou tantas pessoas incríveis, foi um perfeito anfitrião me ensinando e compartilhando cada propósito do festival, com sua experiência de outras participações. Além de ter me ajudado a quebrar tantas crenças que antes limitavam minha percepção do todo, sem sua amizade a matéria não seria a mesma.
Para saber o que rolou no festival e ver todas as fotos na integra e o que te espera no próximo, acesse Festival Terra Azul.
Fotografias por: Rodrigo Della Fávera e Ana Quesado Fotografia