Harmonize seu jardim com uma Espiral de Ervas

Uma das grandes vantagens de se trabalhar com a permacultura é a possibilidade de conciliar o conhecimento intuitivo e técnico. Nesse espaço múltiplo, aquela sua impressão de que algo funciona de tal maneira que você não sabe muito bem explicar é mais que bem vinda, e os achismos se transformam em experimentação. Através de uma contemplação mais profunda, podemos transformar nosso jardim também em um espaço educativo, onde desenterramos muitos conhecimentos, aplicando-os em harmonia com o espaço, como é o caso da Espiral de Ervas.

Essa técnica já muito difundida nos jardins e hortas permaculturais traz formas harmônicas para seu jardim, ao mesmo tempo que trabalha o nosso olhar para uma visão mais apurada dos ciclos de funcionamento natureza. Ela consiste em uma espiral, que por ser verticalizada, possui diferentes microclimas, proporcionando ambientes adequados para diferentes tipos de ervas. Sua construção é bem divertida e pode ser encarada como uma verdadeira sala de aula a céu aberto. Veja só:

1ª ETAPA

  •  Recolha uma grande quantidade de pedras de tamanho médio/grande (você pode encontrá-las dando uma volta por sua cidade, há sempre muito “lixo” valioso nas ruas).
  •  Em seguida, marque um círculo no chão com aproximadamente 1,60m de diâmetro (aqui você pode usar o seu próprio corpo, posicionando-se no meio do que será o círculo, abra bem os braços e solte uma pedra de cada lado, isso marcará um valor bem aproximado, use sua intuição e ajuste o diâmetro para que a espiral não fique apertada).
  •  Agora é só desenhar a espiral com as pedras. De preferência use as pedras maiores para criar uma base bem firme.

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2ª ETAPA

  •  Feita a espiral, comece a preencher os corredores. Na primeira camada deve-se colocar cascalho, pedriscos ou mesmo entulho bem triturado.
  •  Em seguida adicione uma camada de areia grossa e outra de palha seca, dessa forma você irá garantir uma drenagem ideal.
  •  Por fim comece a preencher com terra (não se esqueça que um bom solo deve conter bastante quantidade de matéria orgânica).

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3ª ETAPA

  •  Agora é só ir subindo as paredes de pedra enquanto preenche os corredores com terra.
  •  Mais uma vez use sua intuição e criatividade e vá encaixando as pedras de forma que a estrutura fique bem presa. Você irá perceber que ao preencher os corredores, a terra ajuda a escorar as pedras.
  •  Não se preocupe com os espaços vazios entre as pedras, eles servirão de morada para diversos seres que tornarão o ambiente mais vivo e saudável.

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4ª ETAPA

  •  Hora do plantio. Esse é um momento de observamos que criamos uma estrutura com diferentes níveis, ou seja, diferentes condições ambientais; assim podemos trazer para nossa espiral, plantas com diferentes necessidades de luz, água e nutrientes.
  •  A parte superior e central é o ponto que com maior exposição solar e também com maior drenagem (basta imaginarmos uma montanha, que escorre toda a água da chuva para o vale). As plantas ideais para esse espaço são as que precisam de pouca água e aguentam bem o sol, como a pimenta, alecrim, erva-doce e melissa.
  •  Na parte mediana o solo ja é um pouco mais úmido e algumas áreas podem possuir sombra por conta da estrutura e das plantas mais altas. Aqui vão bem a sálvia, cebolinha, salsa, orégano, manjericão.
  •  O nível mais baixo, por sua vez possui um solo bem úmido, bom para plantas como hortelã, poejo, capuchinha e coentro.
  •  Ao termino do plantio, cubra o solo com uma camada de palha, isso impedirá que o solo seque e servirá de barreira natura para os insetos.

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Feita a sua Espiral de Ervas, é só regá-la sempre e acompanhar o desenvolvimento das plantas. Lembre-se sempre que esse é um espaço de experimentação e que novas possibilidades são sempre bem vindas.

Sou um mineiro, com pai fluminense, que mora em São Paulo e que não pertence a lugar algum, ou a todos eles. Na busca de me definir, preferi ser do mundo, pois é dele que me vem toda a inspiração para viver. Nele encontrei a literatura, a arte, a filosofia e a ciência que me fizeram ultrapassar as limitações de espaço e tempo. Se me perguntam o que faço ou do que gosto, digo que sou um observador e que aprecio o silêncio que envolve toda a simplicidade do mundo. Recentemente me (re)apaixonei pela natureza, confesso que não consigo mais esquecê-la.