Hortas urbanas e a ressignificação da cidade

As hortas urbanas trazem um novo significado para as cidades. Cada vez mais os cidadãos dos grandes centros urbanos sentem falta do contato com a natureza. Pela flexibilidade e relativa facilidade de crescer, uma horta urbana, que pode ir de um canteiro no apê até a praça do bairro (hortas coletivas), possibilita o contato com a natureza e seus benefícios, tais como redução do stress, medicina natural, temperos, hortifrútis, coletividade, educação ambiental e até segurança alimentar.

Muito dos problemas relacionados à qualidade de vida nas cidades está na forma de como elas se desenvolveram. O ambiente urbano se caracteriza pelo concreto, pelo oposto à natureza, ao rural. Essa característica é acentuada pelo crescimento urbano intenso e desordenado, sem planejamento adequado, onde, em certo momento desse processo, uma grande quantidade de pessoas migraram do campo para a cidade em muito pouco tempo.

Horta do Jardim do Mundo, no Mauerpark em Berlin

Horta Urbana do Jardim do Mundo, no Mauerpark em Berlin

O inchaço no trânsito, a poluição do ar e dos rios, o descarte inadequado do lixo, inundações e alagamentos, são alguns impactos ambientais que caracterizam a cidade hoje em dia. O cidadão estabelece uma relação com o espaço urbano e este tem um significado que, além da modernidade, traz suas consequências negativas. Dessas se destaca o distanciamento da natureza, do meio natural, que reconhecidamente proporciona um bem-estar de relaxamento e de cura ao ser humano. Esse significado que a cidade tem, do moderno, da velocidade, do oposto e da distância à natureza, poderia ser mudado, ou seja, a cidade poderia ser ressignificada.

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Superar o distanciamento dos espaços privado e público.

Além do distanciamento da natureza a cidade tem enclausurado cada vez mais as pessoas dentro de suas casas, do espaço privado, pois o público, muitas vezes, não oferece mais um ambiente tão convidativo. É a separação entre rural e urbano, campo e cidade, indivíduo e coletivo, vegetação e concreto. Isso tem um significado muito profundo, trazer a natureza de volta, não só como paisagem, mas como prática e atitude.

A prática da agricultura urbana pode atuar na transformação dos dois espaços. O privado, dentro de casas, apartamentos, condomínios e clubes. mudando práticas individuais para coletivas, trazendo um comportamento mais holístico e integrado que a natureza possui. E o público, tornando a cidade mais convidativa, mais amiga e generosa, mais colorida, influenciando e estimulando políticas públicas e a relação do indivíduo com o espaço público.

“Boa noite, legumes e verduras frescas e orgânicas na mesa todos os dias, e de graça, quem não quer? Basta plantar. O Globo Repórter de hoje conta a história dos brasileiros que cultivam a própria comida. O mundo tem hoje mais de 800 milhões de agricultores urbanos e, ao contrário do que parece, as grandes cidades estão cheias de espaço para as hortas. Não é preciso grandes áreas verdes, basta uma varanda, uma janela, uma laje, um terreno abandonado, até um sub-solo. Jovens largam bons empregos para se tornar agricultores e vivem as alegrias de comer e vender uma comida mais saudável, e o que dizer do clube da horta, sócios deixam de lado as piscinas e quadras e passam o fim de semana plantando. Um deles, já emagreceu 14 kg comendo orgânicos do próprio canteiro. E você já pensou em fazer uma horta em casa?”

Em plena produção, 50% de tudo o que comíamos vinha destes poucos metros quadrados

Em plena produção, 50% de tudo o que comíamos vinha destes poucos metros quadrados

Sérgio Chapelin começa a reportagem do Globo Repórter com essa mensagem, é com ela que vos convido a acessá-la nesse link. A reportagem mostra horta em Kombi (o carro), hortas coletivas em clubes privados e também em espaços públicos, pessoas que mudam de atividade profissional para plantar e o uso de plantas alimentícias não-convencionais.

Além da produção de alimentos saudáveis, da melhoria da qualidade de vida, é também pela relação com os outros e com a natureza, que é plena e alimenta a alma, que nos relembra de características humanas que muitas vezes esquecemos.

Então, tá esperando o que para montar sua horta?

Você também pode se inspirar acessando esse e esse post do Jardim do Mundo, é só arranjar um canto e plonto! 😉

Meus principais interesses estão nos porquês da vida.. Sou designer e atualmente estudo Geografia tentando entender a relação do ser humano com o meio, o que me leva a buscar cada vez mais um estilo de vida sustentável, em equilíbrio com este meio. Desde a alimentação, estilo de vida, formas alternativas de trabalho, preservação do ambiental, conhecer a si mesmo, os outros e a natureza, e é sobre isso que gosto de escrever, para me compreender e compreender o mundo e quem sabe o mundo compreenda a si mesmo.