Ao encontrar uma solução para seu lixo, Eduardo desenvolveu modelo microeconômico e de gerenciamento de resíduos em seu bairro.
Foi no na função do dia a dia que Eduardo Elias, formado em Filosofia na UFSC, percebeu a demanda em solucionar o “problema “ dos resíduos no bairro onde mora, no sul da ilha, em Florianópolis.
Edu, já tinha o ideal de trabalhar com a permacultura mas foi em 2005 depois de se formar em filosofia, que fez o primeiro curso de Permacultura de Floripa, no Sítio Saracura, onde também foi inserida a pedagogia da sustentabilidade e o da compostagem, ali ascendeu uma vontade de achar o elo que pudesse trazer benefícios para a natureza e o homem .
“Nas cidades não temos espaços para gerar adubo com estercos mas temos condição de gerar um adubo orgânico dos restos de comidas que enterramos todos os dias em aterros” desabafa.”
Depois do curso encontrou com o professor Rick Muler que trouxe uma “tecnologia” da India, as leiras termofílicas, que são compostos colocados em camadas alternadas com restos de comidas e sobras das podas dos jardins dos bairros e que chegam de 65 até 72 graus, temperatura ideal para matar todos os patogênicos, tornando o adubo orgânico uma terra viva para o plantio.
A vida seguiu mas a ideia de gerar adubo orgânico na cidade ainda era uma experimentação que foi usada durante 6 anos, no período que tocou sua loja de alimentos naturais junto de um restaurante, e ali também notou a necessidade de ter uma coleta realmente efetiva para os outros proprietários de restaurante que também tinham esta demanda, pois o “lixo” orgânico, como os restos de comida, só é coletada a cada dois dias e contribuía para atrair bichos, insetos e animais.
Mais 100 kg de restos de comidas são produzidos diariamente em média, num restaurante que serve em torno de 50 refeições, então são o 100 kg que ficam ali de um dia para o outro gerando poluição e trazendo problemas sanitários para a comunidade e bairro, foi aí que começou receber esses resíduos em casa, apenas para atender a demanda dos vizinhos e para fazer sua horta.
“Para mim era uma questão de consciência dar o destino certo para os resíduos, eu não via como negócio “, conta Edu, que em 2012 criou um ponto de coleta voluntário na sua casa e começou fazer compostagem para outras pessoas e a desenhar a Destino Certo, assim denominada em 2015 “ tinha que decidir entre ficar no comércio, escravizado, preso, doente ou trabalhar com a terra, criar terra e fazer terra na cidade para produzir hortaliça e não deixar o resíduo do bairro ser enterrado do outro lado da ilha, poluindo e gerando mais um impacto ambiental. ”
“Temos que criar a cultura de que resto de comida é uma matéria prima um recurso orgânico então é importante manter no bairro.”
Hoje a Destino Certo atende 10 empreendedores da comunidade com coletas diárias num raio de 5 km para cada lado e recolhem cerca de 300 kg por dia de restos de comida que seriam levados para os aterros e que agora geram mais vida com a horta que abastece novamente os próprios restaurantes de hortaliças orgânicas.
Diz também que estas pessoas valorizam seu serviço por saberem que tem um tempo de dedicação, mão de obra e investimento no desenvolvimento em tecnologias sociais e de transformar o problema do resíduo orgânico em uma solução que é terra, terra adubada para trazer mais alimento, mais vida para produzir alimento saudável.
“Tenho uma demanda muito maior mas hoje já trabalho no meu limite de processamento, faço 330 kg por dia, a cada 3 dias viro as leras quando juntam 35 bombonas o que dá 1 tonelada entre restos de comidas e poda, no total são 10 toneladas de resíduos por mês que se transformam em terra adubada.”
Para ele o ideal é que houvesse políticas públicas que pudesse licenciar um pátio de até 500 kg nos diferentes bairros, pois não tem impacto ambiental.
Acredita que temos a solução nas mãos e que poderíamos ter diversos pátios de coletas de resíduos orgânicos e aplicar a tecnologia apropriada para o descarte voltar ao seu ciclo produtivo.
A Destino Certo também engaja eventos sociais no pátio como o Festival de Bens Comuns que aconteceu no dia Mundial do Meio Ambiente, em parceria com o Banco de Tempo de Florianópolis e a UFSC, onde foram realizadas atividades para adultos, crianças, rodas de conversa, cursos, refeições comunitárias produzidas com as xêpas e música boa, tudo isso para criar um ambiente saudável, de carinho e onde se compartilha conhecimentos, trocas e tecnologias mais sustentáveis.
Veja o vídeo onde Eduardo conta mais sobre o projeto:
Vídeo: TV Vento Sul
Imagens: Destino Certo
Iniciativa muito bacana e inspiradora
Bacana mesmo, adoramos.
Modelo lindo que deveria ser disseminado por outras cidades
quem sabe futuramente eu não faça o mesmo aqui na minha vila em santo andre… :DDD