3 filmes para (re)pensar nossa ecologia

Dentre os grandes trunfos do cinema, o de trazer reflexões e entendimentos sobre a nossa realidade através de imagens e linguagens subjetivas, atraiu espectadores ao longo de toda história da sétima arte. Como um espelho que desenha traços próprios de nosso tempo, é crescente o número de filmes que tratam da relação entre o humano e a natureza, especialmente de um futuro distópico que muitos enxergam como resultado da ação humana.

Apesar de tratarem de temáticas dramáticas e por vezes chocantes, a arte tem a capacidade de dar espaço ao belo até mesmo nos problemas, florir sentimentos onde parece não haver mais solução e de nos fazer (re)pensar nossas ações no mundo. Aqui vai a indicação de 3 filmes que trazem a temática ambiental no centro de seu roteiro, cada qual com seu público, fotografia e linguagem subjetiva.

Wall-E (2008), dir. Andrew Stanton

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Essa animação é excelente por atingir tanto o público infantil, quanto o adulto. A história se passa no longínquo futuro de 2805, tempo em que a Terra já não existe como a conhecemos. Os seres humanos vivem em uma grande nave que viaja pelo espaço, enquanto robôs fazem o infrutífero trabalho de amassar e empilhar todo o lixo do planeta. É nesse ambiente distópico que vive Wall-E, um simpático robô, que automatizado em sua função, carrega também uma centelha de curiosidade e esperança. É quando conhece Eva, outro robô, enviado à Terra à procura de fonte de vida natural, que a história começa a girar. Mostrando uma sociedade completamente decaída, o filme traz de maneira positiva e esperançosa a necessidade de repensarmos os dias atuais.

Home (2009), dir. Yann Arthus-Bertrand

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Um misto de documentário com filme contemplativo é uma boa definição para essa produção que foi filmada em 50 países diferentes. Sem personagens explícitos ou diálogos, o filme retrata uma série de imagens capturadas do alto em plano aberto, proporcionando uma visão espetacular da Terra. Ainda que o filme seja conduzido por narrativas momentâneas, são as imagens – e o modo como são apresentadas – que realmente dão voz à película. Com um intuito de problematizar a intervenção em larga escala do homem sob a natureza, Arthus-Bertrand (que também é fotógrafo e ambientalista), intercala padrões da natureza com mega-estruturas humanas, questionando através da beleza fotográfica, o que criamos até agora e o que queremos ser no futuro.

O abraço da serpente (2016), dir. Ciro Guerra

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Uma produção colombiana, indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro, que cativa principalmente aos amantes da bela fotografia. O primeiro impacto do filme, vem da imagem da floresta Amazônica em preto em branco, revelando texturas e padrões intensos. Tal recurso já nos conduz para um deslocamento de visão sobre a floresta, proposta que é desenvolvida ao longo do filme. A história intercala dois momentos distintos da vida do índio Karamakate, que se ligam pelo fato de ter conduzido na juventude e na velhice, dois exploradores europeus que buscam uma planta medicinal amazônica. O filme, que se passa no início do século XX, foi baseado nos diários dos exploradores, porém se preocupa em retratar a entrada do homem branco na Amazônia sob a perspectiva do nativo, mostrando um embate entre culturas e visões de mundo. Os diálogos tecidos à medida em que os personagens embrenham pela floresta, vão ganhando aspectos cada vez mais profundos, onde a busca pela planta acaba se tornando também uma busca espiritual para ambos os lados, à medida que as visões de mundo se confrontam.

Sou um mineiro, com pai fluminense, que mora em São Paulo e que não pertence a lugar algum, ou a todos eles. Na busca de me definir, preferi ser do mundo, pois é dele que me vem toda a inspiração para viver. Nele encontrei a literatura, a arte, a filosofia e a ciência que me fizeram ultrapassar as limitações de espaço e tempo. Se me perguntam o que faço ou do que gosto, digo que sou um observador e que aprecio o silêncio que envolve toda a simplicidade do mundo. Recentemente me (re)apaixonei pela natureza, confesso que não consigo mais esquecê-la.