Conheça “Antigão”: o cicloviajante mais “jovem” do Brasil

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A galera das bikes que frequenta o fórum Pedal, um dos mais movimentados do país, não conhece o Waldson Gutierres, mas, certamente, já deparou com uma postagem do “Antigão”. Ele é figurinha carimbada e ganhou esse apelido após ser eleito o sujeito mais idoso do fórum. A alcunha pegou. O que difere o Antigão dos demais participantes do fórum é seu perfil incomum em relação aos outros ciclistas que se aventuram pelas estradas brasileiras em cima de uma magrela: morador de São Paulo, casado, pai de duas filhas, avô de dois meninos. Sua idade: 63 anos “bem vividos”.

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 Antigão aprendeu a pedalar com uma bicicleta emprestada por uma vizinha quando tinha 8 anos. Já demonstrando coragem, descia um viaduto próximo de casa que ainda não fora inaugurado. Depois de alguns anos, ganhou uma bike da mãe e da tia. Nessa época fazia passeios com amigos a cidades próximas, por estradinhas de terra.

Porém, veio um período de muitos anos sem pedalar, entregue ao sedentarismo e ao tabagismo, que resultou em problemas de saúde. Com a recomendação de um cardiologista para que praticasse alguma atividade física, Antigão decidiu abandonar os cigarros e retomar o relacionamento com a bicicleta. Comprou uma simples, usada, e em pouco tempo recuperou o preparo físico, superou limitações físicas e problemas emocionais.

A inspiração para sua primeira cicloviagem surgiu após ler um relato de um senhor de 53 anos, hipertenso como ele, que fez uma viagem até a Chapada dos Veadeiros. O que marcou no relato foi a simplicidade do ciclista, que não hesitou em descer da bicicleta diante de uma ladeira muito íngreme, o que expressa um dos mantras do cicloturismo: “respeite seus limites e aproveite a paisagem, não tenha pressa, isto não é uma corrida”.

A partir de então, Antigão caiu na estrada. Suas aventuras podem ser lidas em seu blog “Pedalando com o Antigão”. Seus relatos são diretos e divertidos e nos levam à estrada com ele. Além dos roteiros, dos encontros e paisagens, Antigão não deixa de lado fatos inusitados, como o dia em que correu de vacas.

A idade é só mais um desafio em seus caminhos, além da resistência de parte da família, que o considera maluco por correr riscos em estradas por aí. Mas Antigão rebate afirmando que os riscos existem em qualquer lugar, até mesmo dentro de casa. Ele também já teve que passar por um episódio de preconceito, protagonizado, ironicamente, por uma médica, que afirmou que ele “não estava mais na idade de andar de bicicleta”.

Percalços à parte, ele conta que sempre recebeu apoio, principalmente de outros cicloviajantes, muitos deles inspirados por suas histórias. Antigão acredita que as pessoas que pedalam, em especial os cicloturistas, possuem uma sensibilidade além das pessoas comuns. Por causa do blog, ele recebe muitos e-mails de leitores contando sentirem-se inspirados por seus relatos e viagens. Alguns deles acabaram tornando-se parceiros de pedal.

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Nos últimos meses, Antigão não pôde fazer suas viagens devido a tratamento médico, mas os sonhos e projetos ainda estão de pé: uma “pedaladinha” até o Chuí e um “passeiozinho” pelo Centro-Oeste.

Leia um de seus relatos aqui: São Paulo, SP, a Ilha Grande, RJ, pedalando e acampando

Tem 34 anos, carioca do Cachambi, pai do pequeno Renzo e marido da Bu. Já brincou de ser e fazer muitas coisas, e aguarda novas experiências. Anda de bicicleta pelas ruas da Região Oceânica de Niterói. Sonha em viajar o mundo e mostrar ao filho que há coisas mais valiosas que “ser alguém na vida”.

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