A Cura de um Equinócio

Somos terra e nos esquecemos, somos água e ainda nos esquecemos. Quando a noite e o dia têm a mesma duração, há magia no universo. As plantas, as águas e os animais vivenciam a nova estação e tendemos a nos esquecer de que fazemos parte. Também somos natureza.

No Hemisfério Sul do mundo sentimos o peso do fim do inverno com um agosto que custa a passar, ansiamos por um setembro de tempo ameno, sol gostoso e chuva fértil. Estamos saindo das noites longas e caminhando aos poucos para a luz que invade as primeiras horas da escuridão e nos deixa viver lá fora – da casa, do corpo e das limitações. No longo inverno da alma, olhamos para todas as nossas sombras e nos voltamos para nós mesmos.

Depois da introspecção do inverno, é tempo de germinar as sementes e regar a terra. No tempo das mudas, dos amores e da gestação de filhos e ideias, ouve-se a intuição maturada durante o frio, caminha-se por novas estradas e cria-se a coragem para realizar projetos.

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É tempo de limpar as gavetas da alma. É tempo do vento, que espalha as sementes, da Lua Crescente e da Donzela, que mantém a esperança fresca e permite-se viver na pureza de sua essência. É o momento de crescer e se expandir, aprofundar as raízes e brotar na terra fértil. É o momento dos inícios, novos ciclos e recomeços. É o momento de remexer a terra dentro de si e prepará-la para o semear da Primavera que se aproxima, permitindo que o jardim floresça dentro e fora de nós.

Compreender a influência e a importância dos ciclos da vida, da natureza, das estações do ano, da lua, do corpo e da alma, é também respeitar o divino que há em nós. É respeitar a natureza cíclica de nosso ser. Quando completamos primaveras ao invés de anos, nos damos a chance de recomeçar e de nos encher de esperança como um novo ano que se inicia.

Quando a noite e o dia tiverem a mesma duração, aproveite a magia e volte. Volte a si mesmo, volte a sonhar, volte a ouvir e a silenciar, volte a meditar e a contemplar, volte a escrever ou desenhar, volte a plantar e a cozinhar, volte a dançar, a tocar ou a cantar, volte a perdoar e a amar. Volte à sua essência.

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Vivenciar esta época vai além de colher flores para enfeitar a casa ou admirá-las nos parques. Abrir-se e curar-se neste equinócio nos traz revoluções internas e também ações no mundo. Conecte-se com a energia que o dia 22 de setembro nos trará e busque semear novos pensamentos e intenções, mas também novos projetos profissionais e pessoais. Criar consciência, mas também praticar a gratidão com a família e a comunidade. Iniciar estudos, mas também multiplicar os conhecimentos adquiridos. Ser e viver as energias positivas, mas também espalhá-las pelo mundo.

 

Com um pé em Minas Gerais, outro no Nordeste e os dois em São Paulo, me apaixonei pela estrada desde cedo e pelas histórias que tropeço pelo caminho. Sempre enxerguei as palavras como uma forma de cura, como se contar histórias, espalhar boas notícias e bons exemplos fossem uma forma de tocar as pessoas e ajudar na mudança da consciência coletiva. Cercada de mulheres curandeiras, encontrei no jornalismo e na fotografia a forma de expressar minha queda pela arte e meu caso de amor pelo autoconhecimento, pela espiritualidade, pela a relação com a natureza e o retorno às origens ancestrais.

2 opiniões sobre “A Cura de um Equinócio

  • Reply Julia Vilela 22 setembro, 2016 at 12:42

    Lindo texto! Parabéns à autora!

    • Reply Paula Lira 23 setembro, 2016 at 15:34

      Gratidão Julia <3