Até seus 30 anos, Eckhart Tolle (autor de “O Poder do Agora”) teve uma existência depressiva com tendências suicidas. Ele trabalhava como pesquisador em uma universidade de Cambridge.
Tudo começou a mudar numa noite em que ele levantou com uma sensação de terror, pensando que não conseguiria viver mais consigo mesmo.
Neste instante, ele teve um momento de iluminação decisivo: aparece na sua mente a pergunta se ele é uma ou duas pessoas. Ele se sentiu atraído por um redemoinho de energia ao qual no início ele queria resistir, mas percebeu uma voz que dizia para ele não opor resistência.
Em decorrência deste evento insólito, ele se deu conta de que tinha a capacidade de se tornar o observador de si mesmo. Esse salto de consciência o levou a passar os próximos cinco meses em um estado de bênção e êxtase.
A partir deste momento houve uma guinada na sua vida. Eckhart Tolle aprendeu a entrar em contato com o seu Eu interior: o seu “centro”.
Ele se sentiu tão bem em se “encontrar”, que largou a vida acadêmica, e por dois anos praticamente não tinha relações humanas, nem trabalho, nem casa, nem uma identidade. Ele passava seu tempo sentado nos bancos dos parques, em um intenso estado de glória.
O nascimento de um Mestre Espiritual
Muitas pessoas o procuravam para saber como chegar ao mesmo estado de graça dele. Elas continuamente lhe perguntavam como conseguir isso. Ele sempre respondia que o que elas queriam já estava dentro delas, mas que não conseguiam atingir essa sabedoria interna, porque a mente faz muito barulho.
Por isso ele acabou assumindo a identidade de mestre espiritual, e escreveu o livro “O Poder do Agora” para esclarecer a sua nova visão de mundo.
A mente nos usa, domina o ser
Para o autor, “pensar virou uma doença”. Mas existe remédio: se a mente for usada da maneira certa, ela vira um instrumento excepcional. O pior problema não é usar a mente do jeito errado, mas é quando a mente nos usa.
Isso quer dizer que o instrumento passa a nos dominar, e não conseguimos controlá-lo ao nosso favor. Isso porque a mente funciona sem a nossa permissão, e se não aprendemos a observá-la e direcioná-la, ela permanece remoendo as memórias do passado, ou então elucubrando cenários futuros irreais (e na maioria das vezes dramáticos e/ou catastróficos).
É possível se liberar da mente. Mas como fazer?
A boa notícia é que é possível se libertar da mente, iniciando a prestar atenção aos pensamentos repetitivos, aos velhos discos que tocam na nossa cabeça.
Confira abaixo 10 passos cruciais elucidados na obra de Eckhart Tolle para dominar a arte de viver no presente
1. Escutar a voz dentro de nossa cabeça
Escutar, observar aquilo que pensamos. Ser o observador de si mesmo, da voz que toca continuamente em nossa cabeça.
2. Atenção ao agora
Trazer a atenção ao Agora, ao momento presente, é um ótimo jeito de aquietar a mente.
Para alcançar a iluminação, o passo mais importante não é não se identificar com a própria mente, mas sim procurar criar um intervalo no fluxo mental. Deste modo a luz da consciência interior se intensifica.
Levar a atenção para a própria respiração é o exercício mais indicado e fácil para entrar no presente. Também fazer de 1 a 3 respiros profundos algumas vezes durante o dia cria estes intervalos no fluxo mental.
3. Parar de pensar de modo automático
Para o autor a mente virou um monstro. Então a ausência da mente, ou seja, a consciência sem pensamento involuntário, possibilita pensar de modo criativo: é aí que se vê o verdadeiro poder do pensamento.
“Mais importante que pensar, é saber parar de pensar” (Eckhart Tolle)
Para conseguir parar de pensar de modo automático, é importante criar o hábito de se perguntar: o que está acontecendo comigo agora, neste momento?
Não é preciso analisar o que acontece, somente observar, focalizar a atenção no espaço interior.
Se percebemos emoções que desencadeiam sentimentos de rancor, mágoa, auto-comiseração, ressentimento, etc., quer dizer que tem resistência ao agora. Não há perdão.
Mas se não aparecem sensações emotivamente debilitantes, é possível levar a atenção mais em profundidade. É possível entrar no reino interior do Ser.
4. Deixar de lado os laços com o tempo
Parece quase impossível superar essa identificação com a mente. A resposta está em quebrar os laços com o tempo.
O tempo parece ser a chave para a salvação, mas na verdade ele é um grande obstáculo.
A verdadeira salvação é a sensação de paz, de tranquilidade, de bem-estar. A sensação de estar vivendo a vida de verdade, num íntimo contato com a essência do Ser.
É liberar-se do medo, do sofrimento, da sensação de falta, da possessividade, dos pensamentos compulsivos, e da necessidade de viver no passado e no futuro. As emoções positivas como o amor, a alegria, a paz, são estados profundos do Ser, e são atemporais.
5. Entender que os problemas são ilusões
Para Eckhart Tolle, todos os problemas se dissolvem no agora: os problemas são ilusões, são somente situações para serem enfrentadas agora ou para deixar quieto. Ao entender essa idéia, no momento presente não há porque se preocupar: ou se faz o que tem que ser feito para resolver a situação, ou não se faz nada.
6. Quando ocorre algo de negativo, sempre tem uma lição por trás
De um ponto de vista elevado, as condições são sempre positivas. Quer dizer, não são nem positivas, nem negativas: são como são, e basta.
Mas potencialmente, todas as experiências vividas trazem um aprendizado, que visto de uma perspectiva elevada, é algo positivo.
Deste ponto de vista, existe um “bem” superior que inclui também o “mal”.
Só que a nossa mente tende a etiquetar as situações em “boas” e “ruins”, ela sempre cria o “bem” e o “mal”.
7. Perceber o “corpo interior”
O autor chama de corpo interior a nossa parte íntima e conectada à sabedoria divina. Ele usa diversos termos no livro para exprimir este conceito difícil de explicar com palavras. Termos como Ser e Não Manifestado, são empregados na tentativa de explicar esse conceito chave.
É importante entrar em contato com o corpo interior para ficar no agora.
Para entrar no corpo interior o autor recomenda fazer uma meditação muito simples: focalizar a atenção por alguns segundos em cada parte do corpo, iniciando com a atenção à respiração. Ao entrar em um estado de relaxamento, se coloca a atenção no corpo interior.
Em situações difíceis é importante saber focalizar a atenção no campo energético interior do corpo. É importante fazer isso no momento em que o distúrbio aparece. Deste modo é possível interromper as respostas críticas condicionadas que a mente habitualmente traz à tona.
Para treinar essa habilidade de entrar em contato com o corpo interior, o autor sugere iniciar com pequenas coisas que nos incomodam, como no engarrafamento, crianças que gritam, ou um barulho irritante. Assim será mais fácil se conectar à ele em situações emotivamente mais desafiadoras.
8. Perdoar: abandonar o rancor, não criar resistência
O perdão é outro conceito chave do livro. Para Tolle, perdoar significa abandonar o rancor, deixar de lado a aflição, não opor resistência à vida.
Se perdoamos a todo o momento, ou seja, se consentimos os momentos de serem assim como são, não haverá um acúmulo de ressentimento para ser perdoado sucessivamente.
Através do perdão, se reconhece que o passado é inconsistente. Se aceita o presente assim como é, se dissolve a discórdia, se cura a dor e é possível ser consciente.
9. Atenção às coisas que cada momento oferece
Para o autor, é importante se perguntar frequentemente: existe alegria, facilidade, leveza no que estou fazendo?
Caso não tenha, a vida vai ser percebida como dura, como uma luta. Isso significa que o tempo está escondendo o momento presente.
Por isso a grande importância de fazer as coisas com a consciência presente. Ou seja, prestar atenção ao que cada momento oferece. Este é um grande exercício espiritual.
10. Ser responsável pelo próprio espaço interior
Uma outra pergunta que o autor sugere de se fazer frequentemente é: estou à vontade neste momento?
Por mais banal que possa parecer, na verdade essas perguntas contém um profundo e essencial valor de esclarecer a verdade daquilo que estamos passando.
Isso é muito importante, pois temos a tendência a não querer lidar com o sentimento negativo quando não estamos bem, e sufocamos, reprimimos o sentimento ou explodimos com os outros, e não tomamos a responsabilidade pelo nosso próprio estado interior.
Ser responsável pelo próprio espaço interior é ter consciência do estado mental-emotivo em que nos encontramos e saber passar por ele sem descontar nos outros, nem reprimir o sentimento. Assim o espaço interior fica limpo. E limpo será o espaço exterior.
Domine a Arte de viver no presente e sinta-se leve e feliz
E aí? O que você achou dessas idéias? Tem praticado a presença? Conte-nos nos comentários!
Observar como a mente etiqueta as situações, os pensamentos involuntários, e perceber a energia das emoções, é o melhor jeito para não deixar que a resistência da mente ao momento presente tome conta do Ser.
Ou seja, ser o testemunho, o observador de si mesmo, é a chave principal para dominar a arte de viver no presente!
A sensação de estar leve, de estar límpido e profundamente em paz confirma a presença no agora.
Valeu!
Isa Gama
Fundadora do Desenvolvimento Natural
Photo credit: mindfulness via VisualHunt / CC BY
Olá Isa Gama, Boa noite! Achei muito interessante as colocações do autor. É preciso que nos conheçamos profundamente para que saibamos exatamente qual o rumo a tomar.
Em 2003 caí em profunda depressão, a qual por pouco não me levou a cometer suicídio, pois esse era o meu pensamento na época. Por Deus, houve um momento de fé em minha vida e essa fé me libertou daqueles pensamentos deletérios.
Comecei então a me conhecer melhor. Naquela mesma década deixei o tabagismo, o álcool é parti para as atividades esportivas, mesmo havendo passado dos 55 anos de idade.
Hoje aos 66 anos, apesar do diabetes tipo 1, levo uma vida tranquila sem ligação com os momentos tristes do passado. Sou praticante de cicloturismo e tenho um Blog onde relato e exibo fotos das minhas aventuras.
Pedalando com o Antigão = http://pneunaestrada.blogspot.com
Atualmente meu objetivo é incentivar homens e mulheres a pedalar, praticar esportes, pois o esporte permite o reencontro do indivíduo consigo mesmo.
Um grande abraço
Waldson
Olá Waldson! Que bonita a sua história! Parabéns! Essa é a grande vantagem do auto-conhecimento e da arte de viver no presente: podemos viver bem com nós mesmos em cada momento.
Muito legal seu blog e sua atividade de cicloturismo! Um nobre objetivo com impactos importantes para outras pessoas.
Um forte abraço e até mais!
Isa