Você já reparou como de uma forma ou de outra somos seres intimamente ligados aos sons? Ouvir música é um ato tão natural quanto respirar ou comer. Através dela damos vazão à expressões muito íntimas, que revelam nossos olhares e sentimentos do mundo.
Mas, e a música instrumental, você já parou para ouví-la? Quando se opta por esconder as palavras e dar espaço para os sons falarem, uma experiência diferente de música se abre, e a fruição -tão rara nos dias de hoje- se torna possível. Longe dos conceitos das palavras, é possível observar o som como se observa um quadro. No Brasil, as paisagens são tantas, que não poderíamos deixar de ter uma quantidade enorme de grupos assimilando toda essa cultura, transformando-a em música boa, para que possamos viajar de olhos fechados. Confira alguns grupos instrumentais brasileiros e seus discos que nunca tocaram nas rádios.
Quarteto Novo
O Quarteto Novo, grupo formado em 1966, era composto por um time de prodígios da música brasileira e apesar da curta duração e do lançamento de apenas um disco, esteve associado à grandes nomes nacionais como Geraldo Vandré e Edu Lobo. As músicas compostas pelo grupo combinaram, principalmente, elementos do jazz, bossa-nova e baião, alcançando uma sonoridade única.
O disco Quarteto Novo (1967), é uma verdadeira experiência que joga com ritmos e timbres nunca antes combinados. A variedade de influências regionais, permeiam as músicas deixando clara a riqueza multicultural do nosso país, que são amarradas sempre com a experimentação proporcionada pelo jazz. A riqueza das harmonias que criaram os projetou como ícones, influenciando não só a música brasileira, mas também jazzistas de todo o mundo.
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Quinteto Armorial
Formado na cidade de Recife, o Quinteto Armorial evoca um sertão repleto de beleza e magia. Num movimento que buscava criar um laço entre as culturas populares e a música erudita, o grupo teve importante papel ao amplificar o rico imaginário de tradições nordestinas. Para isso, uma infinidade de instrumentos regionais como a rabeca, zabumba, pífano e viola caipira se misturaram com o violino, a viola e a flauta, formando um universo que cativa qualquer ouvinte.
No disco Do romance ao galope nordestino (1974), faz-se uma digressão aos tempos do cancioneiro folclórico medieval, que parece encontrar no sertão os tradicionais cantadores nordestinos. Dessa conversa, surgem histórias e cenários pitorescos que poderiam muito bem orquestrar uma leitura de Morte e Vida Severina ou Vidas Secas.
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Uakti
Esse singular grupo formado em Belo Horizonte em 1978 é uma daquelas gemas que dificilmente se encontra. Imaginem músicos eruditos que se dão a liberdade de construir instrumentos inusitados e inventar musicalidade em sons nada convencionais. É a partir dessa união entre talento e criatividade, que Uakti criou um som único, jogando a complexidade minimalista em um baú de movimentos e sensações primitivas.
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O álbum Águas da Amazônia (1999), de melodias compostas por Philip Glass (outro gênio da música contemporânea que merece ser ouvido), é interpretado por Uakti como quem conta uma lenda no interior da floresta amazônica. As dez faixas que compõe o álbum, levam, cada qual, o nome de um rio da floresta. Os elementos das músicas são diversos, se sobrepondo e conversando, ora mais suaves, ora acelerando, mantendo sempre a fluidez e movimento dos rios que evoca.
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Pedra Branca
Berimbau, sítara, pandeiro, tambor, flauta, samplers… esses são só alguns dos instrumentos utilizados por esse supergrupo que transforma suas pesquisas musicais em um universo de sons híbridos. Convergindo a musicalidade étnica de povos do mundo todo com elementos da música eletrônica contemporânea, Pedra Branca proporciona um belo espetáculo multissensorial.
Ao ouvir Feijoada Polifônica (2006), temos a impressão de estarmos viajando por diversas partes do mundo, explorando diferentes instrumentos, ambientações e culturas. Com uma sonoridade muito orgânica, as diversas camadas que se costuram por entre as músicas nos revelam cores e mais cores; da junção de todas essas, forma-se Pedra Branca.
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Balé Barbárie
Se você está em busca de música dançante, Balé Barbárie te convida para um baile cigano. A banda campineira composta pelos músicos Acauan Normanton (violino), Thiago Miyazaki (saxofone), Nelson Dias (guitarra), Renan Alonso (contrabaixo), Felipe Trez (bateria/percussão), traz referências dos sons balcânicos dissolvidos em experimentações próprias do jazz. A forte influência da música cigana, ao se encontrar com ritmos brasileiros, pulsa em uma mistura étnica que não deixa nem os mais tímidos dos pés parados.
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