O consumo inconsciente tem causado ao meio ambiente um impacto devastador. Várias espécies marinhas são encontradas mortas ou resgatadas presas a plásticos lançados nos oceanos. Lixões estão sendo desativados porque não comportam mais quantidades de lixo e também porque os resíduos expostos a céu aberto se tornaram um problema de saúde pública, já que contribuem com a proliferação de doenças.
Há, ainda, os maus odores e a poluição do solo. A produção do chorume, que é o líquido escuro e mau cheiroso que se acumula na decomposição de matéria orgânica contamina as águas subterrâneas (em outros contextos, também se chama chorume o líquido que escorre da estrumeira e que se acrescenta ao estrume seco para enriquecê-lo como adubo – Fonte Wikipedia). Além deste cenário, temos políticas públicas que não levam muito a sério a questão da reciclagem, mesmo que muitos cidadãos façam sua parte, separando seus lixos com maestria.
Tudo isso se apresenta como um indicador de que não estamos sabendo como lidar com tudo aquilo que nós mesmos produzimos. Em grande parte, muitos excessos e muito desperdício. Além deste não saber lidar, há o conceito errôneo de que recursos são inesgotáveis, que a abundância existe do modo que queremos, ou seja, que tudo que a natureza produz tem dono e este dono “somos nós”. Essa ilusão de posse tem feito com que a escassez e o desequilíbrio tome conta de parte de alguns locais do planeta.
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Porém, ações de reaproveitamento e uso da criatividade para a invenção de utensílios comestíveis, por exemplo, tem cada vez mais conquistado espaços. Muitos estão despertando para a necessidade de cuidar do planeta a partir da transformação do cotidiano, da inserção de itens usuais que possam evitar mais impactos e reeducar mentes.
Uma das iniciativas é a criação de pratos, copos e talheres comestíveis. Já pensou nisso?
Existe a refeição, mas existe o utensílio que é parte do sabor!
Quando se prepara uma refeição, logo pensamos nos utensílios nos quais vamos servir a refeição e embora a maioria seja reutilizável, quando a proposta está voltada a festas maiores, espaços públicos, acampamentos e piqueniques, há ainda o uso de descartáveis.
Essa é uma parte da realidade. A outra traz a novidade dos copos comestíveis e com sabor. Certamente que no Brasil ainda há poucas iniciativas neste quesito, mas começamos a caminhar.
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Copos comestíveis
Os copos comestíveis industrializados são feitos de pectina (fibra encontrada em frutas e vegetais – Formam um gel) e também de cana (açúcar). São acrescentados sabores aos copos. Contemplam bem as bebidas frias como sucos e podem ser mastigados posteriormente. Caso não haja esse desejo, não há problema, o copo é biodegradável.
As xícaras também estão aí
Para as bebidas quentes, já existem xícaras com uma massa de biscoito forrada com revestimento de açúcar. Ou estilo a casquinha de sorvete. O cafezinho ou o chocolate podem ser tranquilamente servidos neles. Após aquecer o paladar e alma, basta consumir o recipiente.
Que tal comer o almoço junto com o prato?
E um prato comestível? Tem também! Feito de fibras naturais, com sabor neutro e até sem glúten. A partir da fibra da mandioca, eis que se criou um prato que também pode ser degustado. Lavar pratos e criar lixo neste caso, é coisa do passado.
Há uma versão feita com massa de pão, mais firme e que também vira parte da refeição.
Existem ainda, alguns pratos feitos de folhas e que foram criativamente produzidos, mas estes não podem ser consumidos junto com a comida. No entanto, podem ser lavados e reutilizados.
E os talheres?
Também já fazem parte do kit refeição.
Já há colheres e garfos feitos a partir de arroz, trigo e painço e também da fibra da mandioca. Do sabor neutro ao apimentado, o diferencial da refeição está garantido.
A maioria das criações ainda estão no exterior, mas já nos mostram que é possível melhorar e que temos inteligência e potencial de sobra para melhorar o mundo.
Enquanto essas boas novidades não nos chegam com facilidade (embora já exista uma empresa no Brasil que produz embalagens deste tipo), podemos evitar descartar embalagens plásticas. Que tal usar nas festinhas para servir petiscos, para levar um bolo na casa dos amigos? O bom e divertido trabalho de equipe na hora de lavar a louça também cai bem quando usamos aquele jogo de pratos especial. Outra dica valiosa, é combinar de cada um levar seu jogo de prato, talheres e copo, quando o assunto for piquenique. A caneca no escritório também evita aquele monte de copinho plástico e ainda dá uma identidade mais genuína ao portador. Afinal, cada um vai ter a caneca que é a sua cara.
Que as portas se abram à iniciativas criativas e que a tão sonhada abundância, seja a do cuidado amoroso e cooperativo.
A questão trazida neste post é da maior importância: a quantidade de “lixo”gerada pela sociedade industrial.
A “solução” de utensílios comestíveis não me parece uma solução de fato.
Um prato ou um talher, que é utilizado por 10, 20 anos, não chega a ser um problema ambiental.
Os problemas são os descartáveis, os plásticos e o consumismo, que estão dentro da lógica capitalista.
Qualquer solução hoje, passa por questionar o modelo capitalista, o paradigma da acumulação, o consumismo e a visão do planeta como “recurso”. Sem isso, a produção de utensílios comestíveis será mais um “mercado” que explorará matérias primas e gerará impactos no ambiente (e lucros para os que destróem o planeta).
Olá Mariangela, que alegria sua presença!
Concordo com você sobre a questão do lixo gerado pela sociedade industrial e na verdade , a questão dos talheres é colocada como ” uma das iniciativas” e não de fato, como uma iniciativa salvadora ou uma solução única ( antes, até, penso que temos que nos trabalhar internamente primeiro e esse é o ponto chave, válido para todos ). Sinto que toda e qualquer iniciativa que faça o uso integral de alimentos, que não produza resíduos, que contenha criatividade e um olhar amoroso sobre o mundo, é benéfica. Atitudes benéficas são sempre bem vindas. Gratidão por seu compartilhar, aprendemos juntos !