O trabalho do filósofo e educador Rudolf Steiner, em sua brilhante revolução na metodologia do ensino no início do século XX, torna-se um excelente modelo e um exemplo de abordagem para pais e professores interessados em um modelo educacional que valorize mais do que o de hoje em dia, que persiste a séculos e parece cada vez mais desajustado com as tendências e a diversidade cultural e social de um mundo cada vez mais globalizado e super diversificado de informações e sub-informações cada vez mais democráticas e também vulneráveis.
Procurar algum tempo para refletir a educação e a forma de convivência estabelecida com seus filhos, alunos, sobrinhos vizinhos, e até para com o menino desconhecido que puxa uma conversa com você, pode conferir ao futuro da criança em questão um diferencial raramente encontrado ou mesmo reconhecido pelo paradigma da educação ocidental padrão. A crítica sobre este modelo hierarquizante, provem de que os níveis de cognição não são ajustados para uma educação totalmente padronizada onde as matérias lecionadas estão organizadas por ordem de importância (e é claro que as próprias crianças são espertas o bastante para perceber isso, não é?).
Em 1919, em Stuttgart, na Alemanha, Rudolf Steiner foi convidado por Emil Molt, o proprietário da Fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, para uma série de palestras para os trabalhadores de sua fábrica.
Como resultado, os trabalhadores pediram a Steiner que fundasse e dirigisse uma Escola para seus filhos. Emil Molt apoiava e financiava a na concretização da ideia. Steiner concordou, mas – para tanto – colocou 4 condições: a primeira era a de que a Escola seria aberta, indistintamente, para todas as crianças; a segunda de que a Escola fosse co-educacional; deveria também ser uma escola com um currículo unificado de 12 anos e, por último, de que os professores da Escola fossem também os dirigentes e administradores da mesma. Queria que a Escola Waldorf tivesse o mínimo de interferência governamental e não tivesse a preocupação com objetivos lucrativos. Emil Molt concordou e em 7 de setembro de 1919, foi aberta a Die Freie Waldorfschule (A Escola Waldorf Livre).
“O que é mais importante para um professor é sua concepção da vida e do mundo. A inspiração que flui no professor de sua concepção interior e a cada nova experiência, é carregada além na constituição anímica da criança a ele confiada.”
Rudolf Steiner
Hoje, a pedagogia Waldorf está presente no mundo inteiro. Uma das principais características da Pedagogia Waldorf é o seu embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano introduzida por Rudolf Steiner, orientada a partir de pontos de vista antropológico, pedagógico, curricular e administrativo fundamentados na Antroposofia. Nela o ser humano é apreendido em seu aspecto físico, anímico (psico-emocional) e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e querer.
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O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque nas atividades corpóreas (ação), artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes; o cultivo das atividades do pensar inicia-se com o exercício da imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até gradativamente atingir-se o desenvolvimento do pensamento mais abstrato, teórico e rigorosamente formal, mais ou menos na época de ensino médio. Essa não exigência de atividades que necessitam de um pensar abstrato muito cedo é também um dos grandes diferenciais em relação à outros métodos de ensino.
Nessa concepção predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não do mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais necessárias ao ser humano.
Rudolf Steiner
Rudolf Steiner nasceu em Kraljevec, na Áustria, em 1861, e viveu seus primeiros anos em uma paisagem magnífica, cercada de montanhas. Seu pai era maquinista e esperava que o filho se tornasse um engenheiro. Por influência paterna, cursou Ciências Exatas no Instituto de Tecnologia de Viena. Mas foi durante os estudos técnicos, na Alemanha, que passou a ter contato com as ideias filosóficas de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e de outros pensadores. Aos 22 anos, Steiner foi contratado para organizar os escritos de Goethe. Ao mesmo tempo em que editava e catalogava as obras do filósofo alemão, começou a desenvolver sua própria linha de pensamento, a Antroposofia, e sua teoria pedagógica, a Pedagogia Wadorf. Em 1884, ele escreveu sua obra mais conhecida: A Filosofia da Liberdade. Por fim, em 1913, Steiner se mudou para Dornach, na Suíça, onde construiu a sede da Sociedade Antroposófica, por ele fundada. E foi nessa localidade que ele morreu, em 1925.
Em suas obras, Rudolf Steiner cita vários educadores e pensadores alemães. A principal fonte de inspiração dele foi sem dúvida alguma o intelectual Johann Wolfang von Goethe (1749-1832). A identificação possivelmente ocorreu porque o filósofo, tal como Steiner, compartilhava seu entusiasmo pela ciência sem, no entanto, se portar como um materialista. Outro pensador que o influenciou foi Johann Paul Friederich Richter (1763-1825). Mais conhecido por sua obra literária, ele afirma que um viajante aprende mais de sua alma durante o primeiro ano de vida do que em todas as viagens ao redor do mundo. August Frobel (1782-1841), mencionado na obra Andar, Falar, Pensar – A Atividade Lúdica, foi também influente na vida do austríaco, tal como Johann Friederich Herbart (1776-1841), que acreditava que o processo educativo devia ser baseado na ética e na Psicologia.
Antroposofia
“Um caminho de conhecimento que pretende fazer o espírito humano chegar à união com o espírito cósmico.”
Rudolf Steiner
A Antroposofia é um caminho de estudo, desenvolvimento e – poderíamos dizer – uma filosofia de vida, que procura responder às perguntas mais profundas do homem por meio da razão, porém sem negar-lhes anseios espirituais. Possibilita novas perspectivas ao ser humano na ampliação de suas faculdades mentais, elevando sua percepção e seu pensar a outras dimensões.
Considerando o homem uma síntese de todo Universo, coloca-o numa dimensão que permeia e transcende a física. Ou seja: o homem não é só físico, não é só espírito, mas sim, a união de ambos. Esse é o verdadeiro caminho e busca do ser humano. Encontrar em si mesmo, respostas que atendam ao seu anseio de reunir e compreender esse “ cidadão de dois mundos”. Os resultados das pesquisas antroposóficas serviram de fundamento para iniciativas sociais como: a Pedagogia Waldorf, a medicina Antroposófica, a farmacologia e o desenvolvimento de todos os medicamentos Weleda, a agricultura biodinâmica, a pedagogia terapêutica e a pedagogia social.
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Tudo bem, meninos? Espero que sim!
Mais uma vez uma boa leitura como proposta!
Sou apaixonada por todos os temas trabalhados neste cantinho, principalmente educação Waldorf!
Amei!
Mil bjinhos e muita Luz!