A primeira vez que ouvi falar em roupas feitas a partir de garrafas PET, achei que essa seria uma excelente alternativa para reciclar esse tipo de plástico. Mas quando descobri que a cada lavagem desse tipo de roupa milhares de microplásticos eram lançados no ambiente, causando um enorme impacto ambiental, comecei a alertar as pessoas sobre esse tipo de poluição.
A palavra PET é na verdade a abreviação de Politereftalato de Etileno, um polímero termoplástico, ou seja, um poliéster. Você já deve ter visto essa palavra em alguma das suas meias e roupas. O poliéster é uma fibra sintética, produzida a partir de resinas derivadas de petróleo. As fibras sintéticas foram desenvolvidas inicialmente com o objetivo de copiar e melhorar as características e propriedades das fibras naturais, mas se tornaram um problema ambiental que poucas pessoas conhecem.
Compre Camisetas Orgânicas: clique aqui
A maioria dos polímeros sintéticos são misturados com aditivos químicos com objetivo de melhorar as propriedades finais do produto. Mas esse aditivos quando inalados, ingeridos ou em contato dérmico com o organismo podem ser tóxicos e causar efeitos colaterais. Além das preocupações do esgotamento dos reservatórios de combustíveis fósseis (um recurso natural não renovável) e os riscos para a saúde relacionados aos componentes químicos, há uma crescente preocupação com a presença de microplásticos no meio ambiente.
[Arte da Terra – As ilustrações orgânicas de Jhon Bermond]
Recentemente o projeto The Story of Stuff (“A história das coisas”, em português) fez um vídeo de três minutos sobre a história das microfibras, que são na verdade microplásticos. Mesmo que você não entenda inglês, é possível visualizar o problema assistindo ao vídeo. A maioria de nós usa tecidos sintéticos, como o poliéster, todos os dias. Nossas camisas, vestidos, calças de yoga, blusas e mesmo as roupas íntimas são cada vez mais feitas de materiais sintéticos – plástico, na verdade. Esses tecidos sintéticos escondem um grande problema: quando são lavados, liberam minúsculos pedaços de plástico – chamados microfibras – que fluem aos bilhões pelos nossos ralos, através das estações de tratamento de água e vão poluir nossos rios, lagos e oceanos. Depois de assistir esse vídeo você nunca mais vai querer comprar roupas sintéticas.
Um dos diretores do Projeto, Stiv Wilson, diz que “Só nos EUA estima-se que existem 89 milhões de máquinas de lavar e que a cada lavagem podem ser emitidas entre 1.900 à 200.000 microfibras, um cenário de pesadelo.” Então, aquela camiseta de malha PET, que parece ser super ecológica, na verdade está gerando um problema muito maior no meio ambiente.
Como evitar esse tipo de poluição?
Esse não é um problema fácil de ser resolvido, ele afeta a todos, se considerarmos que 60% do tecido fabricado globalmente em 2014 era poliéster. No artigo, “Como você resolve um problema como a poluição por microfibras?”, Michael O’Heaney vê três tipos de soluções. Uma delas destina-se aos fabricantes de máquinas de lavar roupa, para que alterem a regulamentação das novas máquinas e adaptem as lavadoras antigas para incluir melhores filtros. Outra solução seria que as estações de tratamento de águas residuais pudessem ser atualizadas para filtrar todas as microfibras. E por fim, que os fabricantes de roupas pudessem ser pressionados para assumir a responsabilidade pelo ciclo de vida completo de seus produtos.
Mas enquanto essas soluções não são colocadas em prática, o que um consumidor consciente pode fazer?
A ação mais importante é parar de comprar esse tipo de roupa. No caso das malhas de garrafa PET existe uma apelo muito grande da indústria mostrando quantas garrafas são recicladas para serem usadas nas camisetas, mas a grande verdade é que fazendo isso o problema gerado é bem maior. Uma solução mais duradoura para reciclar as garrafas PET seria fazer um aquecedor solar.
[Aquecedor solar com garrafas PET]
No caso das roupas, uma boa alternativa é dar preferência a comprar roupas feitas de algodão, especialmente as de algodão orgânico. No Brasil já existem empresas como a Camisetas Orgânicas e a Lingerie Pink Romã, que se preocupam não só com o meio ambiente, mas como todos os envolvidos na cadeia produtiva, desde o produtor do algodão, até quem irá confeccionar as peças. Comprando dessas empresas você fortalece o comércio nacional, ajuda o meio ambiente e diminuiu sua pegada ecológica.
Que bacana! Post super informativo, útil e inteligente, Natalie! Obrigado por lembrar da Camisetas Orgânicas.
Oi Angelo! Que bom que gostou! Já conheço o trabalho do Camisetas Orgânicas há alguns anos e acredito que boas iniciativas devem ser divulgadas 🙂
Olá, estou fazendo a transição pro veganismo e uma das coisas que li foi sobre como a tosquia de ovelhas é prejudicial pra elas, logo a indicação era comprar roupas de inverno de tecidos sintéticos. Agora que assisti o vídeo e li teu artigo fiquei um pouco perdida. Tem alguma dica? Beijinhos, lindo trabalho no blog <3
Olá, Carmem. Grata pelo seu comentário. Super pertinente! Muitas vezes eu também fico avaliando o que é melhor. Infelizmente nesse caso ainda não é possível vivermos sem nada de tecido sintético. Então a dica que eu posso te dar, que é o que eu pratico no meu dia a dia, é o seguinte: 1. Primeiro antes de comprar avaliar se eu realmente preciso daquela peça de roupa. 2. Se a resposta for sim, antes de comprar eu avalio a composição do material, sempre dando preferência para peças feitas com a maior porcentagem de algodão. E eu tenho roupas de inverno feitas 100% de algodão e são bem quentinhas 🙂 3. Se não for possível comprar de algodão, eu tento comprar a roupa em algum brechó, aí dessa forma pelo menos eu compro uma roupa que já foi feita e usada e não incentivo a produção de novas roupas sintéticas. Pois assim como no caso do veganismo em vestuário, como bolsas e sapatos, por exemplo, enquanto houver pessoas comprando haverá mercado produzindo… Espero ter ajudado <3 Beijinhos.