Ele escolheu morar na rua para encontrar um sentido para a vida.
Brasileiro, carioca, nascido em família de classe média, foi banqueiro, entrou na escola militar e estudou direito. Tinha tudo para ser uma pessoa “bem sucedida” para a sociedade. Mas sempre questionador, tentava entender as coisas, até que então percebeu que não bastava entender, ele tinha que sentir. Não contente, sufocado e angustiado com o que via, largou tudo e foi buscar um sentido para vida e experimentar o que era não ter nada. Chegou a morar nas ruas e dormir em papelão, porém, foi aí que começou a encontrar o sentido que procurava.
Artista e filósofo das ruas, seus trabalhos são uma contestação sobre os valores da sociedade. Um ser humano incrível que usa a emoção para se expressar, que fala com o coração e seus vídeos são uma aula de vida. Suas palavras são inspiradoras e nada clichê.
Entrevista com Eduardo Marinho
Conseguimos um breve, porém, inspirador bate-papo com essa figura suave, mas, com uma força descomunal na alma. Ele tem a natural percepção da real dimensão em que a vida está inserida.
Jardim do Mundo: Estamos escrevendo uma matéria sobre suas grandes reflexões e sua essência tão humana, o que é raro de se ver, já que a sociedade se afastou muito de sua essência natural. Mas como acreditamos na capacidade do despertar e dessa grande transição que a sociedade se encontra, resolvemos fazer uma seleção de seus vídeos e escrever sobre a luz que você vem trazendo para muitos. Gostaria muito de um bate-papo com você, para trazer a sua real energia para essa matéria.
Eduardo Marinho: Não tenho “grandes reflexões”. Tenho percepções básicas sobre a sociedade em que vivemos.
Jardim do Mundo: Mas a forma como você expõe é tão clara e direta, que apesar de saber que o seu pensamento deveria ser comum a todos, ainda assim, acho que são grandes reflexões, levando em conta essa loucura coletiva que nossa sociedade ainda se encontra, aliás o mundo. E o fato de você ser um SER tão desapegado, me chamou de mais a atenção.
Eduardo Marinho: Não sou desapegado, ao contrário, sou apegadíssimo a ter um sentido na vida, além das mentiras que nos apresentam. Me apego à necessidade de ter prazer em estar vivo, nessa falcatrua social em que existimos.
Jardim do Mundo: Sim, neste contexto concordo e acredito, mas me refiro a exatamente ser desapegado do que a maioria é apegada, ao status, poder, dinheiro, coisas do tipo, as pessoas estão sempre em busca de posição e de se enquadrar socialmente. Mas também me refiro ao desapego da mente e das crenças limitantes.
Eduardo Marinho: Angústias e fragilidades. E dá-lhe antidepressivos, os laboratórios adoram, são toneladas de antidepressivos por dia.
Uma sociedade em que o ser humano está em plano secundário e o lucro, a propriedade e os interesses empresariais dominam.
Jardim do Mundo: O incrível é que você não se permitiu ser condicionado.
Eduardo Marinho: Não é incrível, apenas me recuso a tomar remédios para ficar bem. Atitudes me fazem ficar bem.
[“Paraíso ou esquecimento?” Uma produção que convida a reflexão sobre a nossa sociedade]
Eduardo Marinho se demonstrou uma pessoa de total consciência humana e social, algo que não se constrói e não se busca, isso flui de dentro de seu espírito e transborda através de seus sentidos, possibilitando suas fortes reflexões.
Ele sequer possui a consciência que suas palavras podem impactar alguém, apenas verbalizava tudo que socialmente vê e que lhe incomoda.
E mesmo após diversas palestras e vídeos seus sendo visualizados e compartilhados em toda rede ele não possui a percepção da importância de suas palavras, tão comuns, porém, de fácil entendimento, ou seja, sua linguagem popular.
Tivemos que interromper nosso bate-papo porque o Eduardo estava arrumando suas artes e preparando os acertos finais de uma viagem que faria em sua kombi pelo litoral sul de São Paulo, para expor e levar não só sua arte escrita, mas também sua arte falada.
[Saúde: Uma responsabilidade pessoal]
Série de 5 vídeos com Eduardo Marinho
Selecionamos cinco vídeos inspiradores de Eduardo Marinho, capazes de te fazer mudar de vida:
1 – Elementos da sabedoria
Neste vídeo ele conta que quando deixou a faculdade e partiu para a estrada com apenas uma mochila ele chegou pensando que iria ensinar os pobres, porém, quem aprendeu foi ele. Com duas orelhas e uma boca, é preciso escutar mais e falar menos. Com o tempo percebeu que no meio onde estava vivendo as pessoas tinham muito mais empatia uma pelas outras, sem nem mesmo saber o significado da palavra “empatia”.
2 – Dor sem drama
Um curta para falar de dor: “a dor tem função didática, ela vem quando você se recusa a aprender”. Para Eduardo a dor é um momento de reflexão e ele traz neste vídeo que a maior função da vida é aprender e que a dor faz parte do ensino.
3 – Seguir a razão ou o sentimento?
Eduardo Marinho reflete razão e sentimento neste vídeo, dizendo que a sociedade está doente e comandada pela razão, uma razão imposta, e não pelo sentimento, onde escutamos a razão e nunca ouvimos nossos sentimentos.
4 – Sociedade
“Pobreza é o castigo da incompetência”, assim, é colocada pela sociedade aquela pessoa menos favorecida que não teve acesso à educação, porém, o vídeo remete a uma reflexão sobre as imposições da sociais, sobre pobreza e riqueza em seus múltiplos sentidos.
5 – Vencer, vencer, vencer, para que?
Para finalizar, o quinto vídeo fala sobre a tão usada expressão “vencer na vida” e Eduardo Marinho com sua clareza nos inspira, nos fazendo refletir sobre a verdadeira importância do vencer, da competição que existe e de certa forma nos é imposta. Perdemos o afeto, pois vencer se tornou mais importante do que os sentimentos. Para ele, desde a adolescência, a competição se tornou algo sem sentido, pois a dor da perda do outro lhe causava sofrimento.
Matéria feita por Thaís Ferreira e Sula Camara
Acho q a entrevista foi pouco proveitosa pela necessidade de por o cara em um pedestal q ele claramente rejeita. Na 1ª resposta ele já rejeita essa posição de modelo de pensador e a entrevistadora infelizmente insistiu nesse caminho. Aí passou a entrevista mais se explicando do que abrindo espaço para o Marinho expor sua vivência. Uma pena, mas fica o aprendizado
O que o Eduardo marinho diz não é novidade para quem estuda filosofia ou história, sociologia. Se há uma singularidade é ele ter tomado atitudes. Além de ser filho de classe média. Até nisso digamos que se é mendigo com classe.