Como reduzir a autocrítica e fazer mudanças reais

Alguma vez você já sentiu uma grande convicção que não é suficiente bom? Muitas pessoas possuem um crítico interno tão forte que é difícil de diferenciar a voz desse crítico interno com a realidade. Uma pesquisa realizada em 2016 no Reino Unido revelou que, em média, uma mulher critica a si mesma oito vezes por dia.

As autocríticas são feitas, principalmente, em relação ao seu próprio peso, aparência, carreira, finanças e relacionamentos. A autocrítica pode levar à depressão e vários estudos demonstraram que ela interfere muito na capacidade de alcançarmos nossos objetivos. A psicóloga Lisa Firestone, Ph.D, dá algumas dicas de como reduzir a autocrítica e fazer mudanças reais em nossas vidas.

Conheça o seu crítico interno

O tempo que desperdiçamos, tanto com pensamentos destrutivos quanto ouvindo o nosso crítico interno, drena nossa energia e nos desanima. Ele nos afasta dos nossos objetivos, e nos dá péssimos conselhos. Por exemplo, se você está tentando levar uma vida saudável, ele dirá: “Não se preocupe em se exercitar hoje. Deixe para amanhã. Você está tão cansado”. Se você está namorando, ele dirá: “Não demonstre suas emoções. Não deixe ele/ela saber como você se sente. Quando uma pessoa realmente gosta de você, ela irá atrás”. Todos esses conselhos só nos distanciam do que realmente queremos.  E, é claro, depois essa “voz” fica nos punindo. “Ah, você é tão preguiçoso e gordo. Você fica sentado o dia todo. Agora olhe para você. Você está terrível.” “Viu? Você arruinou esse relacionamento, e, claro, ele/ela nunca ligou para você.  Ele/ela não gosta de você. Ninguém vai gostar.”

autocrítica

Quando nos permitimos ouvir a nossa voz interior crítica, estamos lidando de fato com um inimigo interno. Estamos divididos entre um EU real, que é moldado a partir de experiências que nos nutrem, com as quais identificamos nosso traços positivos e atitudes e comportamentos atenciosos, e um “anti-EU”, que vem do oposto, de experiências dolorosas que testemunhamos ou observamos, de atitudes críticas, vergonhosas ou ressentidas que interiorizamos em nós mesmos. Para realmente nos libertarmos desse inimigo, devemos reconhecer rapidamente quando ele começa a falar conosco, adotar uma atitude mais compassiva e realista e ignorar suas opiniões distorcidas e terríveis conselhos.

Adote a autocompaixão

Felizmente, há uma atitude muito mais favorável que podemos adotar em relação a nós mesmos que pode agir como antídoto para nossa “voz interior crítica”. É a autocompaixão. Nos últimos anos, o impacto positivo da autocompaixão no bem-estar está cada vez mais aparente. Uma pesquisa mostrou que o treinamento de autocompaixão é efetivo na redução da autocrítica. O objetivo do estudo foi explorar a relação entre autocompaixão e bem-estar em maior detalhe, avaliando se a autocrítica poderia funcionar como mediadora dessa relação. Os achados mostram que a autocompaixão estava positivamente relacionada ao bem-estar, assim como negativamente relacionada à autocrítica. Os resultados sugerem ainda que o treinamento de autocompaixão foi efetivo na redução da autocrítica e no aprimoramento do bem-estar, bem como na autocompaixão.

Além disso, ser mais autocompassivo não nos leva a ter menos motivação com nossos objetivos, pelo contrário. Um estudo realizado na Universidade do Texas, descobriu que a autocompaixão é muito mais propícia para fazer mudanças reais. Uma outra pesquisa mostrou que a autocompaixão, ao contrário da autocrítica, aumenta a autoaperfeiçoamento. Os indivíduos que adotam uma atitude mais autocompassiva estão mais dispostos a aprender e a ver como podem melhorar os erros.

A autocompaixão não é como uma vitimização. Ao invés de você ter uma atitude de “coitadinho”, as pessoas que são compassivas entendem que o sofrimento delas faz parte da condição humana, e que isso realmente as conecta com outras pessoas. Elas têm uma atitude amável em relação a si mesmos, tratando-se como se estivessem tratando um amigo. Uma pessoa que é autocompassiva também está atenta a não se identificar com seus pensamentos e sentimentos. Dessa forma, uma pessoa que tem autocompaixão está mais capacitada a responder aos desafios, pensando em soluções adaptativas, ao invés de ficar atolada em autoavaliação e autocrítica.

compaixão

Pratique a meditação consciente

A meditação consciente é uma prática que nos permite sentar com nossos pensamentos e sentimentos sem julgamento. Como disse a Dra. Kristin Neff: “A atenção plena no contexto da autocompaixão envolve estar consciente das experiências dolorosas de uma maneira equilibrada, sem ignorar nem ruminar sobre os aspectos desgastados de si mesmo ou da própria vida”. O Programa de Autocompaixão Consciente da Dra. Neff, que incluiu práticas formais de meditação, mostrou resultados muito positivos no aumento da autocompaixão dos indivíduos e do bem-estar geral. Muitas formas de práticas de meditação de atenção plena demonstraram reduzir o sofrimento psicológico e ajudar a parar com a ruminação mental. Além disso, praticar yoga com meditação mostrou que isso leva a ter menos autocrítica. A maioria de nós enfrenta problemas quando começamos a acreditar cegamente ou nos concentramos em nossas falhas. Dessa maneira nos perdemos para a autoavaliação, a autocrítica e até mesmo para o ódio próprio. Isso leva a comportamentos autolimitantes ou autodestrutivos. A meditação consciente nos ajuda a entender esses pensamentos antes deles assumirem o controle.

Leia mais: Dicas para meditar em qualquer lugar

Todos nós podemos nos beneficiar se assumirmos o objetivo de libertar nosso crítico interno, praticar mais compaixão e ser uma pessoa mais consciente do mundo. Quando fazemos cada uma dessas coisas, nos sentimos mais conectados e disponíveis para as pessoas que nos rodeiam. Nós oferecemos mais de nós mesmos, quando começamos a evoluir e a mudar nossa maneira de nos ver. Isso nos leva a crescer em quem realmente somos: nosso eu real, mais acordado e vivo. Nosso crítico “anti-EU” sempre irá nos encorajar a fazer o que é menos favorável ao nosso próprio interesse. É por isso que, quando estamos querendo mudar, devemos perguntar a nós mesmos o que nos faz sentir vivos, e ir em busca disto.

Você já parou para prestar atenção no seu crítico interno? Que tal tentar silenciar essa voz e acreditar mais no seu EU real?

Sou paulistana e desde 2009 decidi me mudar para a ilha da Magia (Florianópolis, SC), pois sentia falta do contato com a natureza. Sou neta de italianos e aprendi desde pequena a gostar de mexer na terra e cuidar das plantas, quando ajudava meu pai com a hortinha dele. Sou bióloga MSc., educadora ambiental e aromaterapeuta. Adoro aprender e compartilhar assuntos que proporcionem uma vida em melhor harmonia consigo mesmo, com os outros seres e com o planeta.

www.natalieandreoli.com.br