O filme “O Menino que Descobriu o Vento”, acaba de chegar na Netflix e já está entre os mais assistidos da plataforma. Conquistou o público graças à enorme sensibilidade da trama, que fica ainda mais emocionante quando descobrimos que se trata de uma história real.
História emocionante
A trama de O Menino que Descobriu o Vento, da Netflix, conta a história de William (Maxwell Simba), um rapaz que vê sua comunidade entrar em colapso aos poucos, no coração da África. A democracia está ameaçada, sua família começa ter preocupações graves sobre dinheiro e comida e o clima começa a apresentar instabilidade. Com essa boa e pouco usual premissa, o roteirista, diretor e ator Chiwetel Ejiofor (protagonista de 12 Anos de Escravidão) tece uma produção que fala sobre um assunto pouco abordado em Hollywood sem preconceitos, clichês e narrativas fracas. É a vida e suas dificuldades em essência.
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Boas atuações
Todo o elenco está bem, sem pontas soltas. Simba faz uma estreia extremamente madura e segura nas telonas. Passa uma confiança misturada com medo que é muito irracional no ser humano, exponenciada em situações-limite. Tem um futuro grandioso. Ejiofor, enquanto isso, tem plena segurança sobre a história que está contando. Afinal, ele toma conta da produção em várias frentes e domina a narrativa. Como um pai rigoroso, mas de bom coração, ele se sai muito bem. Algumas cenas dão raiva por suas atitudes, mas logo o espectador é recompensado com algum acalento. O restante dos coadjuvantes tem pouco espaço, mas funciona quando são exigidos em cenas mais dramáticas.
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O final
O título demora para fazer sentido — só lá pelos 30 minutos finais que o objetivo central de William é revelado. É bonito e traz uma mensagem importante sobre ter confiança, segurança e perseverança, ainda que uma boa subtrama ambiental se perca no meio. Porém, essa mensagem é apenas a superfície. Há, aqui, uma importante história sobre família, amadurecimento, respeito e política. Sobre esse último ponto, aliás, há uma frase de roteiro excepcional: “democracias são como mandiocas importadas. Apodrecem rápido”. Diz muito sobre a África, sobre a América Latina e, especificamente, sobre o Brasil atual. É, em resumo, um filme que vai além de seus limites.
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Mas, porém, todavia, entretanto…
O filme é lindo e emocionante, sim, mas não dá pra comprá-lo como uma obra prima do cinema mundial. A direção de Ejiofor é segura, mas extremamente burocrática. É um filme quadradão, afinal das contas. Há a mensagem ambiental que se perde no roteiro, assim como certo enfraquecimento contínuo de subtramas — não dá pra comparar o arco político sobre a África, por exemplo, com O Último Rei da Escócia. E há certo maniqueísmo que incomoda. Não chega a destruir a experiência, mas reduz o impacto de maneira considerável.