Saber conduzir uma boa conversa, por meio de palavras elevadas, positivas e acolhedoras, longe da necessidade de ter a razão, envolve um trabalho bem interessante de autoconhecimento. O que falamos reflete parte de nosso estado interno, reflete se estamos com nossa saúde emocional equilibrada ou não. Ainda que a verdade seja mais profunda, a fala sempre traz uma nuance do que está acontecendo nas paisagens internas, mesmo que sutilmente.
O diálogo sempre acontece antes em níveis mentais e depois se tornam sonoros. Procurar manter um estado mental simples e que favorece o entendimento do tipo de pensamentos que carregamos é o que vai garantir a tal boa conversa que todos nós buscamos em nosso dia a dia. Quando estamos atentos ao cenário mental, podemos discernir e escolher que palavras cabem nos contextos que nos chegam. Sem exceder e também sem se oprimir no silêncio barulhento do “deveria ter dito”.
Usar o dom da fala em conversas com propósitos cria espaços para que haja naturalidade e união em busca de alguma realização interessante. Cada vez mais, vemos crescer um movimento de comunicação não violenta e de rodas de conversa, não para debate ou criticismo, mas para liberação e cooperação.
A conversa com propósito, “propriamente dita”
Todos nós somos narradores natos e por meio de nossa fala, reproduzimos ideias, preservamos memórias, ensinamos e compartilhamos ideais. Nunca “falamos sozinhos” de fato. Sempre que comunicamos algo, algum comportamento se produz, uma energia se move em nós e na atmosfera, atingindo outros. Eis a razão do cuidado, para que as narrativas produzidas sejam de valor e de importância, contendo ainda elementos que elevam ou que pelo menos faça refletir sem criar mal-estar. A dinâmica do mundo atual está tomada pela fala violenta, pelo discurso crítico. Muito disso, vazio de propósito e de ação, mas cheio de achismo e ego.
Propósito é o que torna um encontro de vozes, interessante!
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Rodas de conversa que giram respeito
Se puxarmos pela história, vamos encontrar a presença de pessoas em roda para quase tudo!
A roda oferece um espaço de presença lado a lado. Nunca a frente e nem atrás. Mas em comunhão. Assim se dá a dança de mãos dadas ou simplesmente a dança solta. Assim nos reunimos em muitas mesas para uma boa refeição, nos reunimos no entorno da fogueira também! Desde a pré-escola o estar em roda é oferecido como mecanismo de companhia e de interação mais livre, para que a fala e a presença sejam acolhidas. Mesmo na empresa, as reuniões mais importantes acontecem praticamente em roda.
Atualmente, vemos grupos com ideias e propostas incríveis, marcando rodas de conversas para troca de experiências, para criação de iniciativas ambientais e sustentáveis, para meditar, para compartilhar histórias de superação e mesmo para entregar algum peso que acompanha a jornada. Conversar em roda tem um efeito de conexão poderoso! Tem efeito curativo e traz de volta uma presença mais amistosa na vida. Afinal, a vida é um encontro… sempre.
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O que uma roda de conversa nos traz?
- Dos temas mais informais aos formais, há partilha de sentimentos. É um momento de abertura da alma e dos corações.
- Troca de experiências e enriquecimento do saber. Seja este cultural, técnico, espiritual, culinário, científico, etc.
- Reeducação do ego – A roda de conversa pede a postura do falar e ouvir, alinhando esse processo de escuta atenciosa e não reativa (não o ouvir para responder – reagir – mas ouvir para discernir, compreender) a um processo de autoconhecimento e autopercepção. Prestar atenção no que a fala do outro faz acontecer dentro da gente e o que é necessário cuidar e o que de fato é necessário falar.
- Prática de espaços de silêncio renovadores – é comprovado que o período de silêncio é maior que o de fala numa roda de conversa. Esses espaços permitem uma argumentação lógica porque trazem um descanso mental e natural.
- Exercícios reflexivos e diálogos construtivos são parceiros, no contexto da roda de conversa.
- Criação de pontos de ação e projetos que saem do papel, porque encontram parceria, encontram agora as mãos que fazem e não apenas as mentes pensantes e sonhadoras.
- Iniciativas coletivas de alto impacto nas mais diversas áreas.
- Estímulo ao potencial criativo de todo ser e oportunidade de aplicação de habilidades em prol do bem comum.
- Novas e interessantes amizades
- Exercício da empatia e do respeito, inclusão e percepção de que por aqui, não somos inimigos, mas companheiros de jornada com histórias e gostos diferentes e que essa diferença é na verdade uma forma de ver a paisagem devido ao ângulo. O lugar é o mesmo.
Reunir ideias e pessoas, compartilhar um bom café e transformar encontros em um movimento de propósito. A roda de conversa faz toda diferença na ecologia interna de cada ser e certamente na sustentabilidade e harmonização do mundo! Escolham seus temas e comecem a se reunir. Vamos criar um giro mais leve e benéfico?
Olá, há um método criado por um médico brasileiro nordestino( Adalberto Barreto) chamado de Terapia Comunitária que possui estes objetivos e que é exercido com comunidades pobres, de maneira gratuita que grande beneficio tem trazido desde sua criação, Há uma projeto no ministério da Saude para que a pratica se torne ferramenta nos postos de saúde,
Olá, que bacana esse projeto. Tomara que ele seja aprovado.
Muito Bom Maria Cristina,
Fico feliz em saber que se está abrindo espaço para o acolher .
Um abraço carinhoso
Aqui no DF a Terapia Comunitária é uma rede implantada em vários Postos de Saúde da Rede Pública, com excelente resultado.
Olá Izabel,
Que incrível ter essa prática direcionada a saúde. Ouvir, falar e acolher são fases transformadoras!
Um abraço carinhoso,