O Som Ao Redor (2012)

A realidade social do Brasil em uma rua do Recife.

Kleber Mendonça Filho é um conhecido jornalista e crítico. Diretor de curtas premiados, ele volta agora como diretor e roteirista de seu primeiro longa de ficção. Depois que conferi “O Som Ao Redor” afirmo que ele não poderia ter feito algo melhor. O filme vêm recebendo elogios por onde passa. De público e crítica. Já ganhou vários prêmios e já foi selecionado para mais de 30 festivais internacionais.

A trama segue uma rua de classe-média na zona sul do Recife que toma um rumo inesperado após a chegada de uma milícia que oferece a paz de espírito da segurança particular. A presença desses homens traz tranquilidade para alguns, e tensão para outros, numa comunidade que parece temer muita coisa.

Se em “Eletrodoméstica” (Um ótimo curta de Kleber que funciona como um prelúdio para O Som Ao Redor) o diretor nos escancarou a verdade sobre a dependência que temos com os eletrodomésticos, aqui além de passar essa mensagem ele ainda mostra com perfeição os dias e a rotina da sociedade brasileira. Tudo isso fazendo com que o público se deleite aos sons mais presentes no dia-a-dia de cada um. Seja pelo irritante som de uma chave arranhando um carro ou de um cão que late de uma forma insuportável na casa ao lado.

Tudo é captado tão perfeitamente que chega a ser um abuso. Perfeitamente fotografado. É uma riqueza de detalhes fascinante. Arrisco dizer que é um dos melhores filmes nacionais já produzidos. A forma que Kleber dirige o filme passando de um personagem ao outro é extremamente genial. A sequência em que o personagem mostra o apartamento aos possíveis novos moradores e que a garota analisa o garoto jogando bola do alto do prédio é deslumbrante.

“O Som Ao Redor” está ai pra provar que o cinema nacional ainda respira. É um delicioso e assombroso retrato da sociedade brasileira em uma rua do Recife. Genial e obrigatório. Um daqueles que depois de assistido não sai da cabeça por dias.