Um estudo feito pela Universidade de Standford e publicado na renomada revista científica “Proceedings of the National Academy of Sciences,” encontrou evidências quantificáveis de que caminhar na natureza pode levar a um menor risco de depressão.
O estudo revela que mais de 50% das pessoas vivem atualmente em áreas urbanas e estima-se que em 2050 essa proporção será de 70%. A urbanização tem muitos benefícios, mas também está associada ao aumento dos níveis de doença mental, incluindo distúrbios de ansiedade e depressão, mas ainda não está claro o porquê.
Veja Também: Estudo comprova que o cheiro do mato tem um grande pode de cura
A urbanização e a desconexão da natureza cresceram dramaticamente, assim como os distúrbios mentais, como a depressão.
Foi realizado um experimento controlado em que os autores investigaram se a experiência da natureza influenciaria no pensamento repetitivo focado em aspectos negativos de si mesmo, chamado de ruminação, um fator de risco conhecido para doenças mentais.
O estudo analisou dois grupos de participantes. O primeiro grupo caminhou por 90 minutos em uma área de pastagem, próximo à Universidade de Standford, com carvalhos e arbustos espalhados e o outro grupo ao longo de uma rua de três ou quatro faixas, com tráfego pesado.
Antes e depois da caminhada, os pesquisadores mediram as taxas de coração e respiração, realizaram exames cerebrais e os participantes preencheram questionários. Foi solicitado que durante a caminhada cada participante tirasse até 10 fotos dos lugares por onde passaram.
Trinta e oito participantes saudáveis participaram do estudo. Eles não possuíam nenhum histórico de transtornos mentais e eram indivíduos residentes em ambientes urbanos. A hipótese era de que esses indivíduos, embora atualmente saudáveis, entrariam no estudo com um nível de ruminação (aquele pensamento repetitivo negativo), resultante dos fatores estressantes atuais e crônicos associados à experiência urbana e sua privação de contato regular com a natureza.
Portanto, acreditava-se que aqueles que tivessem uma experiência natural reduziriam os níveis de ruminação, em comparação com aqueles que tivessem uma experiência urbana.
Os pesquisadores encontraram pouca diferença em condições fisiológicas, mas encontraram mudanças marcantes no cérebro. A hipótese foi comprovada pois os participantes que fizeram uma caminhada de 90 minutos em ambiente natural relataram níveis mais baixos de ruminação e mostraram atividade neural reduzida em uma área do cérebro ligada ao risco de doença mental (córtex pré-frontal subgenual – sPFC), em comparação com aqueles que caminharam em um ambiente urbano. Foi constatado que as emoções negativas diminuíram entre os participantes que caminhavam na natureza.
A co-autora Gretchen Daily, professora de ciência ambiental e conselheira sênior do Stanford Woods Institute for Environment, disse:
“Esses resultados sugerem que as áreas naturais acessíveis podem ser vitais para a saúde mental em nosso mundo em rápida urbanização”
Os habitantes da cidade têm um risco 20% maior de transtornos de ansiedade e um risco 40% maior de transtornos do humor em comparação com as pessoas nas áreas rurais As pessoas nascidas e criadas nas cidades são duas vezes mais propensas a desenvolver esquizofrenia.
“Nossas descobertas podem ajudar a informar o crescente movimento mundial para tornar as cidades mais habitáveis e tornar a natureza mais acessível para todos os que vivem nelas”, disse a co-autora Gretchen Daily.
O autor principal, Gregory Bratman, um estudante de pós-graduação no Programa Interdisciplinar Emmett de Meio Ambiente e Recursos da Universidade de Standford e o Centro de Biologia de Conservação, disse:
“Esta descoberta é emocionante porque demonstra o impacto da experiência da natureza em um aspecto da regulação emocional – algo que pode ajudar a explicar como a natureza nos faz sentir melhor”.
“Essas descobertas são importantes porque são consistentes com, mas ainda não comprovam, uma ligação causal entre crescente urbanização e taxas aumentadas de doenças mentais”, disse o co-autor James Gross, professor de psicologia em Stanford.
É essencial que os planejadores urbanos e outros formuladores de políticas compreendam a relação entre a exposição à natureza e a saúde mental, escrevem os autores do estudo. “Queremos explorar quais elementos da natureza – quanto disso e quais tipos de experiências – oferecem os maiores benefícios”, disse Daily.
Em um estudo anterior, também liderado por Bratman, verificou-se que o tempo na natureza teve um efeito positivo sobre o humor e os aspectos da função cognitiva, incluindo a memória de trabalho, bem como um efeito de amortecimento sobre a ansiedade.
Os estudos fazem parte de um crescente corpo de pesquisas explorando a conexão entre a natureza e o bem-estar humano. O Projeto The Natural Capital, liderado por Daily, está desenvolvendo ferramentas e abordagens práticas para explicar as contribuições da natureza para a sociedade, para que líderes de países, empresas, comunidades e organizações em todo o mundo possam tomar decisões mais inteligentes para um futuro mais sustentável.
Este é um empreendimento conjunto do Woods Institute for the Environment, do departamento de Biologia da Universidade de Standford, The Nature Conservancy, do World Wildlife Fund e do Instituto de Meio Ambiente da Universidade do Minnesota.
Sabendo dos resultados desses estudos, que tal ampliar o seu contato com a natureza?
Fonte: Standford News
Muito bom! Estudos nessa área também estão em desenvolvimento por aqui.
http://www.e-natureza.com.br
Que bacana Lis, não conhecia. Só fiquei na dúvida se qualquer pessoa pode participar da pesquisa?
Faz todo sentido se pensarmos que, observando sua linha evolutiva, o homem acabou de deixar a natureza pra viver na cidade. Somo seres verdes 🙂
Gostei muito do teu texto, Natalie!
Exatamente, Pinkroma8! Deixamos a natureza para viver na cidade e acabamos sentindo falta disso. Então mesmo morando na cidade temos que encontrar meios de retomar esse contato com a natureza 🙂 Bom saber que gostou do texto.