Você já parou para pensar o que acontece com a esponja sintética depois que você a usa para lavar louças? Quando eu usava esse tipo de esponja, sempre pensava nisso e ficava triste em saber que ela ia parar no aterro sanitário. No mestrado, estudei microbiologia, então sempre tive uma paranoia com os micro-organismos, pois a gente não enxerga, mas eu sei que estão lá… e aos milhões. Então, eu sempre vivia um dilema: trocar de esponja a cada três semanas, como é recomendado, e gerar muito lixo ou permanecer com a esponja pelo máximo de tempo possível, mas sempre com aquele pensamento de que ela estava contaminada?
Quando eu digo gerar lixo é porque onde eu moro não existe um local específico que recolha esse tipo de esponja para reciclagem e ela não é um material tão simples de ser reciclado. Em 2015 eu conhecia apenas uma empresa que fazia esse tipo de reciclagem. Talvez hoje em dia até tenham outras… Mas esse é um problema que eu não preciso mais me preocupar. Sabe por quê? Porque em 2015 eu li um post do portal Ecycle que indicava a bucha vegetal como uma opção sustentável para substituir a esponja sintética para lavar louças. Aí eu fui logo substituindo.
No começo eu demorei para me adaptar pois ela tem uma consistência diferente da esponja sintética, ela é mais mole. Mas o fato de saber que não iria mais gerar esse tipo de resíduo me fez continuar usando e me acostumei. Ela é muito boa, limpa super bem e não risca as panelas. Além disso, ela é mais difícil de ser contaminada por fungos e bactérias, quando se toma o cuidado de não deixá-la molhada. Para que ela fique sempre limpa, eu costumo fervê-la por alguns minutos na água.
Fiquei tão animada em usar a bucha vegetal que decidi plantá-la em casa.
Para fazer isso é preciso ter espaço e ter alguma estrutura que mantenha a planta suspensa. Isso porque a bucha vegetal é o fruto seco da trepadeira Luffa cylindrica. O processo é demorado, entre o plantio da primeira semente até o primeiro fruto levou aproximadamente um ano. As primeiras colheitas eu não tive muito sucesso, pois a estrutura que eu tinha permitia que o fruto encostasse no chão e ele acabava fungando. Mas depois que mudei a estrutura e os frutos não encostavam mais no chão foi uma maravilha. Depois da colheita é preciso lavar bem o fruto e deixar ele secar antes de usar. Nesse post aqui tem algumas dicas de como cultivar sua própria bucha vegetal.
Nas fotos acima é possível ver um exemplo do chamado “cradle to cradle“, sistema produtivo circular “do berço ao berço” onde não existe o conceito de lixo, tudo é nutriente para um novo ciclo. Ou seja, os resíduos são nutrientes que circulam em ciclos contínuos: a planta nasceu, cresceu, foi usada como bucha para lavar louças, depois descartada no minhocário e vai virar adubo para outras plantas.
Saber que eu não estou gerando nenhum lixo e que fui eu que plantei e acompanhei todo esse ciclo, dá um outro significado para mim na hora de lavar a louça. Talvez você não tenha espaço para plantar na sua casa, mas é possível comprar bucha vegetal em feiras e até mesmo em farmácias. Que tal tentar experimentar lavar louças com ela? Afinal, o melhor resíduo é aquele que não é gerado.
Olá. Tem alguma outra forma de descarte da bucha sem ser compostagem?
Olá! Puxa, não conheço outra forma de descarte da bucha sem ser compostagem. Se ela for descartada como rejeito, no lixo comum, ela irá degradar, assim como os outros vegetais, mas não é a melhor forma dela se decompor… O ideal é a vermicompostagem (compostagem com minhocas) ou a compostagem em leiras (onde a degradação é feita por bactérias anaeróbias).