Todos nós estamos aqui com missões interessantes. É inegável que cada qual tem a sua própria missão e que cada um traz consigo poder suficiente para realizá-la. O que ocorre, é que no percurso vamos nos lotando de insatisfações, excessos e cansaços, e o propósito original se perde. Uma vez perdidos de nosso próprio propósito, ficamos a mercê das pistas que nos chegam, que nos apontam caminhos e se não estamos despertos o suficiente não diferenciamos verdade de ilusão e, então, passamos a viver em função das promessas externas de salvação. Ficamos esperando heróis.
Nisto, um evento se instala: o nosso propósito é silenciado, as propostas não existem e o engajamento vira dependência. Uma dependência sempre gera certas doses de frustrações. Cedo ou tarde.
Mas e o que é o tal propósito?
Em sua definição, propósito é o que queremos alcançar, o que queremos fazer. Serve como um guia rumo à realização. Com toda essa força intangível que um propósito traz consigo, fica fácil entender que a falta dele é nociva. Se pensamos numa raiz, entendemos que o propósito dela é sustentar uma estrutura maior. Quando a raiz está fraca, a árvore muitas vezes cai. A planta se solta. É como se a raiz não tivesse propósito.
Conosco é a mesma coisa! Se não temos algo que nos segure em nossa verdade e com a verdade orgânica da vida, não temos como manter ou fazer crescer algo de bom em nossas vidas, na comunidade, no país e mesmo no mundo.
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Mas propósito funciona sozinho?
Propósito depende de um espaço ecologicamente saudável para que realize sua função.
De nada adianta ter um lindo propósito, se o meio ao meu redor está seco, árido, mal tratado. Muitas vezes, antes de entender nosso propósito, vamos ter que cuidar do solo que está além de nós e isso dá trabalho, exige tolerância, paciência e respeito. Nos desafia, mas nos devolve uma certa sanidade e entendimento do que de fato, queremos e somos.
Há uma confusão: Ter propósito em nada tem a ver com isolamento e excesso de eu. Ter propósito envolve vivenciar parcerias. Toda e qualquer realização pode até começar em nós, mas não se prolonga por muito tempo quando a “EUquipe” não aprende a ser equipe.
A nutrição de um propósito é o aprendizado, a convivência, a interação, a troca de experiências, a aceitação das diferenças sim, e é ai que chegamos ao sabor das propostas.
“São as propostas que fazem o propósito acontecer.”
Se existe propósito, mas não há a proposta do como fazer, com quem fazer, se não há um projeto, uma conversa, um ponto e um contraponto, uma ação ainda que mental, num primeiro momento, talvez o propósito fique apenas na instância do sonho.
Quando conscientes da beleza do propósito e abraçados a ele com leveza, começamos a sentir que um movimento concentrado, mas prático, é necessário para que não se tenha apenas mais uma ideia engavetada no próprio ser. Boas ideias paradas acabam por se igualar a água parada.
Com tal entendimento, fica bem mais fácil não se enredar numa teia de suposições, inverdades e egos inflados. Nada disso tem propósito, mas tem muito de ganância. Propósito é diferente da ganância. O primeiro tem a nobreza do bem que não exclui, mas que cuida, acolhe e respeita. O segundo tem a miséria da imposição, da exclusão. Traz consigo uma cultura de medo e ilusões de poder.
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Engajamento é abraço!
O propósito brotando e o encontro acontecendo. Quase sempre é assim.
Há uma fala bem comum no mundo dos projetos sustentáveis e de cultura de paz que é: “Quando você dá o passo de coragem, recebe os passos de ajuda”.
É tão poderosa a decisão de exercitar propósitos que as pessoas certas chegam, as situações fáceis se aproximam, as portas se escancaram e nem precisa empurrar. Quando decidimos usar nossa missão para o benefício do mundo, o mundo nos beneficia naturalmente. E isso só acontece porque a intenção é liberta da posse, da recompensa.
Cada vez que sentamos numa roda, numa reunião, com pessoas diferentes, quando vamos a um evento que nos aproxima da realização de nosso propósito, sentimos primeiro o aquecer do coração, depois o vibrar no intelecto. E sentimos no coração primeiro, porque propósito tem a ver com coração mesmo!
“O propósito é a pureza de todo nosso movimento na vida, é nossa identidade legítima e uma presença interessante ao lado dos outros e é por isso que acontece o engajamento.“
Quando pessoas com tal energia se juntam, trazem consigo uma força linda e potente de transformação positiva no mundo. Transpõem as adversidades e restauram a configuração da harmonia.
Podemos dizer que enxergamos isso em ações negativas também, é claro, mas já notaram que a verdade aparece e reordena tudo? A raiz que sustenta as ações negativas se desfaz fácil e, por isso, precisa de muitas cercas e até de violência para existir. Mas, elas perdem a força hora ou outra, porque o engajamento era na ganância e não no propósito.
Engajamento é uma energia neutra. Podemos escolher no que queremos nos engajar. Certo, que quando é no propósito, há sustento e há sucesso.
Tenho aprendido que temer é normal, ainda mais em tempos de muita ganância e pouco propósito. Ocorre, que acima das turbulências existe o bem genuíno, orgânico, isento das artificialidades. Sabe bem de verdade, mesmo? Então … essa certeza agrega mais uma palavra ao trio propósito, propostas e engajamento, e a palavra é esperança !
Que texto magnífico! Somente alguém com sensibilidade bem acima da média das pessoas (geralmente tão presas a assuntos que desviam a atenção para o que se deve olhar), poderia escrever algo tocante assim.
Oi Edmar, feliz por sua presença por aqui! Tenha uma semana incrível.