O solstício de verão é a celebração do dia mais longo do ano no hemisfério norte, acontece por volta do dia 20 de junho. Antigamente quando a vida era totalmente regida pela natureza o solstício de verão tinha um simbolismo relacionado ao renascimento da terra. Imagine que a terra é uma mulher e o sol é seu amado. O solstício de verão é o dia em que eles se encontram no céu, para co-criar.Enquanto o hemisfério norte celebra a chegada do verão com o dia mais longo do ano, o hemisfério sul marca exatamente o contrário: a noite mais longa do ano.
Ambos fenômenos acontecem ao mesmo tempo (na realidade, são o mesmo fenômeno): enquanto o hemisfério norte está mais exposto ao sol, o hemisfério sul – consequentemente – está mais distante e vice-versa.
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Viver de acordo com os ciclos da natureza
Para mim e tantas outras pessoas que tentam viver de acordo com os ciclos natureza essas datas são de extrema importancia, pois é o dia em que o poder da criação está mais ativo e o sol atinge seu apogeu luminoso.
Nesse período as matas e florestas atinge sua força e maturidade, o sol traz o calor, a luz e germinação das sementes. Exaltamos a fertilidade das hortas e a promessa de uma colheita abundante.
A união da terra com o sol traz a fertilidade dos animais e da natureza, a renovação da vida, o reconectar com a natureza, a conscientização de nosso impacto sobre o meio ambiente, o desvincular do velho, para que o novo se faça.
O solstício de verão tem sido celebrado por muitas culturas ao longo dos tempos
Em muitas culturas o dia mais longo do ano significava o fim definitivo dos dias de frio e as primeiras colheitas. Por perceber o quão especial era o fenômeno, em que o sol iluminava o hemisfério norte durante mais horas trazendo felicidade ao povo, calor, fertilidade para terra, as civilizações antigas começaram a celebrar o solstício.
Quem já morou no hemisfério norte sabe o quanto o povo fica feliz e quem já teve a oportunidade de ter uma horta por lá, como eu, se surpreende com a rapidez com que os vegetais crescem.
Tanto os maias, como os incas, romanos e gregos adoravam o sol e tinham os seus cultos a ele dedicados.
Os Egípcios construíram as grandes pirâmides para que o sol, quando visto a partir da grande esfinge de Gizé, se ponha exatamente entre duas das pirâmides no solstício de verão. O solstício de verão era particularmente importante para os antigos egípcios porque coincidia com o começo da estação da cheia do Nilo. Acreditava-se que nesta época a deusa Isis derramava lágrimas de luto pela morte de seu marido Osíris, causando a elevação do rio e a fertilização do vale do Nilo. Festivais eram realizados em honra a ambas as divindades e celebrava fertilidade e abundância.
Os Antigos Chineses participavam de uma cerimônia no solstício de verão em homenagem à terra, à feminilidade e à força conhecida como yin. Ela complementava o ritual de solstício de inverno, que era devotado ao paraíso, à masculinidade e ao yang.
Na Suécia o solstício de verão é mais comemorado do que o Natal.. Uma de suas características mais tradicionais é as danças em círculo ao redor do majstången (mastro de maio), um mastro colocado no centro da aldeia. Quando o mastro é erigido, são atiradas flores e folhas. Tanto o majstången quanto o mastro de São João brasileiro se originaram do “mastro de maio” dos povos germânicos.
Durante a festa, cantam-se vários cânticos tradicionais da época e as pessoas se vestem num estilo rural, tal como no Brasil. Por acontecer no início do verão, são comuns as mesas cheias de alimentos típicos da época, tais como morangos e batatas.
Também são tradicionais as simpatias, sendo a mais famosa a das moças que constroem buquês de sete ou nove flores de espécies diferentes e os colocam sob o travesseiro na esperança de sonhar com o futuro marido. No passado, acreditava-se que as ervas colhidas durante esta festa seriam altamente poderosas, e a água das fontes dariam boa saúde. Também nessa época, decoram-se as casas com arranjos de folhas e flores, para trazer boa sorte, segundo a superstição.
Os Celtas celebravam o início do verão em Stonehenge, um círculo megalítico que existe há mais de 6.000 anos na Inglaterra. Nos dias atuais, porém, em nenhum outro lugar a data é mais emblemática do que no Stonehenge onde neodruidas e simpatizantes se reúnem na madrugada do solstício para assistir ao nascer do sol e saudar espíritos (sejam eles quais forem)entre os pilares centrais. No calendário pagão, esta festividade chama-se Litha, e representa a celebração do Sol, da Luz e do Fogo.
Os Celtas da Irlanda invocavam a deusa do sol Áine para banir os maus espíritos e garantir uma boa colheita. Fogueiras eram acesas e havia muita festa e dança! Os irlandeses ainda se reúnem em locais antigos como o Círculo de Pedra Lough Gur e a Colina de Tara para receber o sol nascente do solstício de verão – ele brilhando ou não.
Para os Vikings o início do verão era uma época crítica do ano para os navegantes nórdicos, que se encontravam para discutir assuntos legais e resolver disputas nos dias em torno do solstício de verão. Eles também visitavam poços que acreditavam ter poderes de cura e construíam grandes fogueiras. Hoje, as celebrações “vikings” do solstício de verão são populares entre residentes e turistas da Islândia.
Na Mitologia Eslava, Kupala é a deusa polonesa das ervas, feitiçaria, sexo e do verão. Ela é também a Mãe d’Água, associada às árvores, ervas e flores. Sua celebração ocorre durante o solstício de verão. Era um dia sagrado que honrava os dois elementos mais importantes: Fogo e Água.
Nativos Americanos participavam há vários séculos dos rituais do solstício de verão, alguns dos quais ainda praticados hoje em dia. Os sioux, por exemplo, executavam uma dança do sol cerimonial em volta de uma árvore vestindo cores simbólicas. Alguns estudiosos acreditam que a roda medicinal de Big Horn em Wyoming, um arranjo de pedras construído há várias centenas de anos pelos índios das planícies, alinha-se com o nascer e o pôr do sol do solstício, e era então o lugar da dança do sol anual daquela cultura.
Na América Latina o solstício de verão (21 de dezembro) é comemorado por diversas culturas. A data, que representa um marco no Calendário Maia, que gerou uma interpretação sobre o fim dos tempos, para as culturas originárias da região andino-amazônica representa um ciclo caracterizado pelo retorno ao equilíbrio e à relação harmônica com a natureza.
A Bolívia comemora o solstício de verão com diversas cerimônias e debates sobre a cultura, sabedoria e religiosidade dos indígenas e sua importância como nova era para a humanidade em um evento internacional denominado “Encerrando o ciclo do não-tempo e recebendo o novo ciclo; tempo de equilíbrio e harmonia para a mãe terra”.
Em Floripa nós já tivemos a oportunidade de observar o nascer do sol alinhado entre as pedras na Barra da Lagoa. Lá existem várias formações rochosas pitorescas onde no solstício de verão e inverno é possível ver o sol nascer entre as rochas. Há milhares de anos povos nativos do Brasil construíram templos e alinhamentos de pedras para marcar a direção do nascer o do pôr do sol no início das estações do ano por todo o nosso litoral.
Tradições do solstício de verão
Uma das tradições mais comuns nesta festividade consiste em acender fogueiras, exaltando assim o poder do sol, chama da vida. Não é por acaso que a Igreja Católica fez coincidir esta festividade com a celebração de São João Batista, na qual existe a tradição de acender uma fogueira, sobre a qual se deve saltar para garantir o sucesso vindouro.
O ritual de “saltar sobre o fogo” é um poderoso rito purificador. Em tempos antigos, eram queimados enormes rolos de palha, que se lançavam pelos montes abaixo, para assegurar a fertilidade da terra e para banir as energias negativas. O solstício de verão celebra a vida, lembrando que o sol fecundou a terra e que os frutos desta união em breve estarão prontos a ser colhidos.
Celebre você também de forma mística
Como mencionado acima, diversas culturas ao redor do mundo, costumavam criar rituais para trazer purificação, poder de cura, renovação, vitalidade, expansão, integração e conexão com energias superiores. Aproveite a energia do solstício para criar uma experiência de transformação e celebração expressando a magia da existência.
- Dance descalço na natureza com uma guirlanda de flores do campo no cabelo. Dançar libera as tensões físicas e mentais.
- Acredita-se que flores silvestres colhidas no solstício de verão tenham poderes curativos. Decore sua casa com guirlanda de flores e folhas de carvalho.
- Convide o seu amor para saltar de mãos dadas sobre a fogueira. Os casais pulam de mãos dadas para que a força mágica das chamas os una. Os solteiros pulam para purificar e espantar os maus espíritos.
- Prepare um banquete, chame os amigos para amanhecer ao seu lado e assistir ao nascer do sol bebendo o tradicional champagne de sabugueiro que esninamos fazer aqui. Ao amanhecer caminhe pelo orvalho da manhã sentindo a energia da natureza.
- Pra quem quiser acompanhar o nascer do sol no Stonehenge saiba que em decorrência ao coronavírus este o ano o evento será transmitido ao vivo por meio das redes sociais do parque.
A transmissão mostrará o nascer do sol atrás da simbólica Pedra do Calcanhar, a antiga entrada do Círculo de Pedra, no dia 21 de junho (no horário do Brasil, a transmissão ocorrerá aproximadamente a uma hora da manhã).
Além disso, também serão disponibilizadas imagens em alta resolução e filmagens de drones que poderão ser acessadas depois. Historiadores e especialistas também trarão informações sobre o simbolismo e mistérios do lugar.