Escrever sobre os momentos que vivi na Chapada Diamantina no mês de julho deste ano, faz meu coração contrair de saudade. Minha andança começou chegando em Salvador, depois de um rápido voo saindo do Rio de Janeiro. De lá, foram 6 horas em um ônibus até a cidade de Lençóis, ao lado de uma gentil senhora ao qual pude bater uns bons papos e me tornar um pouco mais familiarizada com o que estava por vir, já que ela era moradora da região.
Chegando em Lençóis, lugar onde seria meu porto-seguro, encontrei uma amiga ao qual devo muito agradecer aqui. A Fê me recebeu calorosamente em seu hostel (HI Hostel) onde dormi minhas duas primeiras noites.
Parti rumo ao tão esperado Vale do Pati com o querido Iahn Teles da Alternative Trekking e mais dois super parceiros de caminhada: Fábio e Salete, que conheci lá mesmo.
O Vale do Pati já foi uma região repleta de plantações de café e habituada por mais de 2 mil moradores. Como o acesso sempre foi extremamente difícil, eles usavam mulas como meio de transporte. Hoje, não existe mais café no Pati, e só existem 6 casas com pequenas famílias que abrigam os viajantes. Já as mulas ainda podem ser vistas por lá.
Nossa jornada começou pelo Guiné, um dos acessos ao Vale. Subimos o beco acompanhados de muita ventania e frio. Já tinha ouvido falar que o tempo no Vale era bem inconstante, e essa viagem comprovou tal fato. Chegamos no famoso Mirante da Rampa e nos deparamos com um maravilhoso arco-íris. Foram as primeiras lágrimas que caíram dos meus olhos.
As dez ciclovias mais bonitas do mundo
Descemos Vale adentro e dormimos no primeiro abrigo, o da Dona Raquel. Que lugar lindo e que pessoas queridas e calorosas. Depois de um banho gelado, já que não existe banho quente no Vale do Pati, jantamos divinamente o que a comida brasileira tem de melhor a nos oferecer. E para fechar a noite, forró pé de serra tocado pelos próprios moradores e guias locais. Esse dia foi um dos melhores que já vivi. Era tanta alegria quando me deitei, que fiquei sorrindo sozinha por alguns minutos realizando tudo que estava acontecendo.
No dia seguinte, acordamos e subimos o Morro do Castelo debaixo de chuva. A energia do Morro e do Vale são tão imponentes, que não existe tempo ruim. Cada caminho percorrido e paisagem recompensavam qualquer mau pensamento e dificuldade.
Descemos o morro e seguimos para a Cachoeira do Funil também debaixo de chuva, cruzando rios e pedras escorregadias. Voltamos para a Dona Raquel para dormirmos mais uma noite.
Um par de botas, sincronicidade e a magia de colocar o pé na estrada
No terceiro dia, fomos à Cachoeira do Calixto, também cruzando rios e pedras tão escorregadias que larguei meu tênis para trás. Retornando, passamos pelo abrigo conhecido como Prefeitura e seguimos para a casa do Seu Eduardo para mais uma noite de descanso. Fomos extremamente bem recebidos pela família. Dessa vez, o violão tomou conta ao redor de uma fogueira para aquecer a noite gelada.
No quarto dia fizemos a trilha do Cachoeirão por baixo, onde diversas quedas deslumbrantes desaguam em um poço em forma de coração. Consegue imaginar? Voltamos para a casa do Seu Eduardo, onde dormimos mais uma noite.
No quinto e último dia, subimos a famosa Ladeira Imperial debaixo de chuva e sol, e finalizamos nossa travessia pelo Vale do Pati na cidadezinha de Andaraí.
Obrigada, Iahn, Salete, Fábio, Fê e outros queridos que conheci percorrendo esses aproximados 70 km. Nesses 5 dias eu pude entender porque a travessia pelo Vale do Pati já foi considerada a melhor do Brasil. Impossível não se comover diante de tanto cenário lindo e tanta comunhão com a natureza.
A viagem continua… Em breve mais uma aventura sobre a Chapada Diamantina.
Você precisa voltar lá e fazer o cachoeirão por cima, o poço da árvore que fica na entrada da toca do gavião e águas claras que são pequenas quedas de cachoeira quando começa a trilha para o vale da BR, com vista para o morro do pai inácio…
Eu fui 2x para o Pati e foram bem diferentes, uma delas fiz mais o menos este roteiro por baixo que fez, cachoeirão por baixo e acampei, fiz minha própria comida e dispensei guias… fui só seguindo a trilha visível…
Na segunda, ganhei a viagem com tudo incluso e desfrutei de guia, cama, comida caseira (que é excelentee) e conheci o cachoeirão por cima que era um grande sonho.
Mesmo tendo ido 2x, uma de 4 dias e outra de 5 dias… quero voltar e passar mais tempo dentro do vale, sem correria alguma, conhecer tudo, existem mais cachoeiras lá inexploradas… é possível fazer um trekking de 13 dias… a chapada diamantina em si é gigante, muitas rotas e o que ver.
Aprendi a amar e admirar esse lugar, sua cultura, suas histórias e as pessoas que vivem lá… a simplicidade, a verdade na felicidade, é uma energia incrível!