Caminhada meditativa: cultivar a cura seguindo em frente

Andando pela cidade em um dia normal (o mais normal possível nestes dias), acabamos esquecendo de prestar atenção no que acontece em volta, caminhamos no automático, correndo com pressa para pegar o próximo ônibus para ir pra casa, a ponto de nem lembrar o que aconteceu no resto do dia. Porém, existe uma forma de driblar esse fenômeno: é a caminhada meditativa.

A caminhada meditativa consiste em estar consciente do nosso corpo e também do que é externo a ele durante a caminhada, prestando atenção nos detalhes, nas cores, nos movimentos, nas pessoas que estão em volta, que também são seres de luz e acabam passando despercebidas por nós, como se estivéssemos em uma grande colônia de formiguinhas.

Existem alguns passos que podem ser tomados para tornar nossa caminhada menos automática, mais consciente, com intenção. Aqui nesse artigo, vamos ensinar algumas técnicas para que vocês, leitores, possam aderir a essa prática tão deliciosa que é a caminhada meditativa.

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Desvie o seu olhar

Quando estamos caminhando, é bem comum olhar para o chão e manter esse olhar lá, pelo resto do caminho, algumas vezes, o máximo que desviamos nosso olhar é para olhar para frente um pouquinho. Vamos tentar olhar para todos os lados.

Olhar para cima é uma ótima forma de tornar sua caminhada meditativa mais consciente, isso acaba te forçando a andar um pouco mais devagar, afinal, ninguém aqui quer tropeçar e cair, certo? E preste atenção no ambiente, como está o clima hoje? O ventinho está gostoso? Nuvens de chuva estão se formando? Aproveite ao máximo os estímulos visuais.

 

Escute o que está havendo em volta

Muitas pessoas também gostam de usar fones de ouvido enquanto se deslocam, seja no caminho pra casa, indo pra padaria, no transporte público, isso é muito compreensível. Acontece que, quando estamos com o fone de ouvido, tocando música alta, não conseguimos nem ouvir o que está acontecendo a nossa volta.

Alguns barulhos podem ser desagradáveis, como o barulho de uma britadeira, de ônibus passando, porém, mesmo estando m meio a um caos completo, é sempre bom estar atento ao que está em volta, aproveite os sons, agradáveis ou não, eles que vão te situar espacialmente e criar uma experiência sensorial não automatizada.

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Escute as cigarras, os trovões ao longe, os pássaros cantando, o murmúrio das pessoas conversando, não é porque o nome é caminhada meditativa que você precisa de um lugar silencioso para praticar. Os estímulos sonoros guiam nossa noção espacial, então, em uma caminhada meditativa, estejamos sempre atentos aos sons.

Observe seu ritmo

Já perceberam que o chão dos shoppings são lisos? Isso possui um propósito, é para que as pessoas andem mais devagar, com medo de escorregar, e consequentemente, as pessoas prestam mais atenção nas vitrines, nas atrações, acabando por consumir mais.

Podemos levar esse conceito para nossa caminhada meditativa, andar mais lentamente, usando os outros dois pontos já citados aqui, prestando atenção nos estímulos visuais e sonoros. Às vezes precisamos andar rápido mesmo, quando estamos com pressa, porém, isso não costuma ser uma regra geral, qualquer coisa, pense em sair mais cedo de casa.

 

Observe sua respiração

A respiração ocorre naturalmente, não precisamos nos esforçar para que nossos pulmões funcionem corretamente. Porém, o que acaba acontecendo é que perdemos consciência da respiração, o que pode acabar por nos fazer respirar em um ritmo que não acompanha nossa caminhada.

Preste atenção na sua respiração, os praticantes de yoga já sabem a importância de se mover com o ritmo da respiração, esse estado de consciência que faz a caminhada ser meditativa, a atenção no que estamos fazendo é o que nos faz completos.

Tente inspirar em um passo e expirar no próximo passo, se suas pernas forem mais longas, é claro. Se suas pernas forem mais curtas e as passadas mais rápidas, podemos pensar em um ritmo diferente, talvez uma inspiração que dure dois ou três passos, enfim, cada um sabe como o próprio corpo funciona.

Observe sua postura

Quando sentamos em cadeiras durante o dia todo, costumamos ter nossas posturas mais comprometidas, com as costas arqueadas para frente, o olhar frequentemente acaba se voltando para baixo, com o queixo indo de encontro ao peito.

Ao invés de ter essa postura arqueada, devemos estar com a postura ereta durante nossa caminhada, com os ombros projetados mais para trás e queixo paralelo ao chão. Essas simples mudanças são sensíveis, podemos perceber que agora, conseguimos olhar para frente com menos esforço e nossa respiração também fica mais fácil, pois estamos de peito aberto.

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Escolha um mantra

Em uma caminhada meditativa, devemos estar no momento presente e impedir que a mente comece a vagar, nos levando a pensamentos que nos tirem desse estado. Para isso que vai servir o mantra, escolha uma palavra ou frase reconfortante e repita-a, mentalmente ou não.

A caminhada meditativa não tem esse nome por acaso, estamos usando vários elementos da meditação enquanto caminhamos, percebem? Respiração, mantras e até postura. Só o que falta para nossa caminhada meditativa estar realmente completa é um incenso queimando, certo?

Procure sair sem celular

Precisamos assumir aqui que isso não é tão fácil para a maioria das pessoas de hoje em dia. O celular acabou se tornando quase um elemento do nosso corpo, isso acaba nos tornando muito ligados na tecnologia, dificultando cada vez mais nossa capacidade de nos desligarmos e simplesmente andar.

Quando saímos para uma caminhada meditativa, muito possivelmente não vamos precisar estar com o celular no bolso, a não ser que a sua opção seja de ouvir uma meditação guiada no fone de ouvido, enfim. Vamos procurar nos desprender um pouco dos nossos celulares, passar horas dando refresh no Instagram é um hábito muito viciante.

Com o desprendimento do aparelho celular, podemos perceber uma facilidade maior de se encantar com as coisas que estão mais perto. Muitas vezes estamos tão imersos que podemos perder experiências incríveis, momentos inesquecíveis e interações que nem imaginávamos que aconteceriam.

A vida é um acontecimento extraordinário para ser passado sem um propósito, aqui queremos inspirar a mudança, a conexão com os ciclos da natureza, o resgate dos saberes ancestrais e manuais. Vamos juntos por esse caminho descobrindo que tudo que precisamos já está em nós mesmos.

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