Capitão Fantástico (2016)

Uma mistura de Pequena Miss Sunshine com Na Natureza Selvagem, este filme é incrivelmente lindo e toca o coração de qualquer pessoa. Sem pretensão alguma, comecei a assisti-lo e, eis que me vejo no lugar de Ben (Viggo Mortensen), em alguns momentos e outros no lugar das crianças. Capitão Fantástico é um filme sobre viver de forma natural, sem mentiras, sem prateleiras de supermercado, sem uma tela hipnotizante.

*Alerta de spoiler: se você não assistiu ao filme, sugiro que o assista antes de continuar o texto.

Em meio a floresta, um pai com seus seis filhos vivem em harmonia com a natureza. Todos eles, independente da idade, sabem caçar, escalar montanhas, sobreviver no meio da mata. E apesar de viverem longe da civilização, sabem muito sobre a história dos povos, sobre temas importantes que todos deveriam saber. Porém não vão à escola. Criados de uma maneira natural, sem mentiras, sem superproteção, aprendendo a se virarem sozinhos. O que você acharia desse modo de vida?

Dependendo da visão eles podem ser loucos, por não saberem que Nike é uma marca de tênis. Ou serem muito inteligentes, por saberem que Nike é a deusa grega que representava a vitória, força e velocidade. Loucos ou inteligentes é um julgamento muito superficial. Pois, apenas por serem criados de uma forma diferente e verem o mundo de uma perspectiva alternativa não quer dizer que sejam loucos e, muito menos inteligentes. Apenas são o que são e da forma que são.

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O filme inteiro é lindo de se ver, mas há algumas cenas que precisam ser comentadas. Umas delas é a naturalidade em que Ben explica a sua filha mais nova (com 8 anos, em média), o que e estupro e como e porquê as pessoas fazem sexo. Isso de forma simples, técnica e sem mentiras ou de forma fantasiosa. Agora vem o questionamento: por que não fizemos isso com nossos filhos quando perguntam como nasceram? Ou, quando perguntam qualquer coisa que envolva sexo, menstruação, estupro, … A sociedade cria pessoas para sentir vergonha de falar isso para crianças, usando do argumento que eles não entendem. E assim, criamos elas em meio a um mundo de mentiras.

Outra cena é quando a família de Ben se reúne com a família da cunhada dele para um jantar. Percebe-se, claramente o contraste entre a criação dos filhos dele e da cunhada. Desde o fato de que os filhos de Ben tratarem de forma natural a morte da mãe e comemorarem essa passagem, até a questão de tomarem vinho como se fosse mais uma bebida comum. É o que foi falado anteriormente, costumamos esconder fatos, florear outros e proibir nossos filhos de experimentarem as coisas, simplesmente porque nos dizem que devemos agir assim. Mas pergunto: estamos fazendo o certo?

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E uma última cena que preciso comentar aqui é o ritual que as crianças e Ben fizeram no funeral da mãe. As crianças sabiam que aquilo era o que a mãe queria e que cantar e usar roupas coloridas é uma forma de celebrar essa passagem da vida para a morte. Confira o ritual:

Se analisarmos, podemos perceber certas características dos filhos de Ben, como ingenuidade, força, persistência em suas ideias, doçura, resiliência, coragem, bravura, enfim, as qualidades são inúmeras. Porém quando foram expostos à sociedade, suas crenças foram abaladas, principalmente para Ben. Ele já não sabia se o que estava fazendo era certo para os filhos, a ponto de achar que o melhor para eles era ficar com o avô. É complicado expor suas crenças às pessoas quando apenas você acredita nelas. Por mais que elas são as suas verdades, você se questiona. No fundo temos que seguir nossos instintos e perceber o que nos faz feliz.

Muitos podem ficar intrigados com o filme, pensando se é mesmo certo fazer o que Ben faz com os filhos. Como podemos acompanhar, no começo as crianças viviam uma rotina mais pesada, correndo montanhas, escalando, cozinhando ao ar livre, dormindo numa barraca enorme. Ao meio do filme elas ficam uma parte no ônibus e outra parte na casa luxuosa do avô. Por fim, parece haver um equilíbrio entre esses dois extremos. As crianças e Ben moram num sítio, com casa, galinheiro, horta e escola; uma vida mais simples, com a essência de ser autossuficiente, mas com mais contato com a civilização e sociedade.

Título: Capitão Fantástico

Lançamento: dezembro de 2016

Diretor: Matt Ross

Link para o filme online: https://goo.gl/8PRtn4

Trailer:

6 opiniões sobre “Capitão Fantástico (2016)

  • Reply Sarah Germano 31 março, 2017 at 13:35

    Amei. Verei assim que puder! Amo seu site. Obrigada.

    • Reply Charlene Peruchi 31 março, 2017 at 13:52

      Veja sim, é um ótimo filme ^^ .. e ficamos feliz que gosta e acompanha nosso site 🙂 .. Obrigada também!!

  • Reply Parama Karuna Dasa 2 abril, 2017 at 6:12

    Minha esposa e eu fizemos uma experiência semelhante ao que mostra o filme. Fomos para a Apa da Mantiqueira, vivemos lá treze anos sem luz ou vizinho, no meio da mata a sós. Sem médicos ou remédios. Estudávamos muito sobre vida natural e somos vegetarianos. Tivemos dez filhos, em casa, e eles não frequentavam a escola.. Procuramos viver uma vida voltada para o Infinito, o Casal, Radha e Krishna. Assim acredito que muitas pessoas tenham também vivido esta experiência. Portanto, o filme mostra uma alternativa e é sempre válida. Jaya Radhe!

    • Reply Charlene Peruchi 2 abril, 2017 at 11:50

      Sim, toda experiência é válida, sendo que tu se sinta bem com ela. E que história bacana a sua!!

      • Reply Parama Karuna Dasa 3 abril, 2017 at 5:51

        É preciso acreditar no homem. Somos a expressão das Divindades. Como disse Sri Aurobindo: A natureza espera do homem, aquilo que a planta espera de sua semente. Jaya Radhe!

  • Reply CARIN CRISTINA gunsch 2 abril, 2017 at 19:44

    Eu conheci seu blog a pouco, e quero ser tudo isso cada vez mais. O silêncio é a coisa mais preciosa para mim de tudo na vida, ha muito tempo. e quero muito ter uma casa natural, só não sei como poderia, mas quero.